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Dois ribatejanos na Volta a Portugal

Gonçalo Amorim e Renato Silva correm pela Maia e gostavam de vencer no Cartaxo

A Volta a Portugal em bicicleta volta este ano ao Ribatejo e a segunda etapa vai terminar no Cartaxo, terra de grandes campeões como José Maria Nicolau, Alfredo Trindade e Marco Chagas, que já ganharam a competição. Gonçalo Amorim e Renato Silva são os dois ribatejanos presentes na prova e O MIRANTE foi conhecer as suas expectativas.

A 66ª Edição da Volta a Portugal em Bicicleta, que começa esta quinta-feira, dia 29, vai passar vez pelo Ribatejo, situação que não tem sido muito comum nos últimos anos. A segunda etapa, no dia 30, que termina no Cartaxo, leva o pelotão da maior prova velocipédica portuguesa a passar ainda pelos concelhos de Abrantes, Constância, Chamusca, Alpiarça, Almeirim e Santarém.Além desta proximidade geográfica com o percurso da volta, há também dois ribatejanos entre os 162 ciclistas, que vão representar 18 equipas, nove portuguesas e outras tantas estrangeiras. Gonçalo Amorim e Renato Silva, ambos naturais e residentes no concelho do Cartaxo, vão representar a Milaneza – Maia, uma das mais fortes equipas nacionais.Gonçalo Amorim é um dos mais conhecidos ciclistas do pelotão português. Trabalhador incansável para a equipa, tem sido um dos imprescindíveis do técnico Manuel Zeferino nas grandes competições. Dele não se esperam grandes resultados individuais, mas não vai ser difícil encontrá-lo na frente do pelotão, a puxar pelos companheiros de equipa ao longo das etapas mais difíceis, com muita montanha pelo meio.A dois meses de completar 32 anos, Gonçalo Amorim espera estar ao seu melhor nível durante os próximos dez dias, em que os ciclistas terão de percorrer 1507 quilómetros entre as Termas de Monfortinho e Sintra. “O meu maior objectivo é ajudar ao máximo os meus colegas. Se eu estiver bem a equipa só tem a ganhar. Para já estamos moralizados e acreditamos que temos condições para ganhar”, refere o corredor da Maia, que vai na 11ª época de profissionalismo.Colocando sempre os interesses da equipa em primeiro lugar, Gonçalo Amorim sabe que não é fácil ficar entre os dez primeiros da classificação final e também não pensa muito em lutar pela camisola azul, que premeia o melhor trepador e que já conquistou na volta de 2002. “Isso foi um acréscimo ao trabalho que eu fiz. É uma situação que está posta de lado mas se as coisas correrem bem, logo veremos”, comenta o ciclista que o ano passado foi 36º e em 2002 32º.Estabelecendo uma comparação entre o seu trabalho na Maia e o de José Azevedo na US Postal, que foi fundamental para a sexta vitória consecutiva de Lance Armstrong na Volta a França, o ciclista do Cartaxo diz que são situações diferentes. Enquanto Azevedo puxa apenas cinco ou seis quilómetros no final das etapas, ele terá de “carregar” a equipa ao longo de muito mais tempo.A missão de Renato Silva, que aos poucos tem conquistado espaço dentro da equipa, não é muito diferente. “A minha função dentro da Maia está delineada e passa por ajudar os colegas”, esclarece o ciclista que se tornou profissional em 1999 e tem actualmente 28 anos.Fazendo uma análise ao percurso, Renato diz que é uma volta com um pouco de tudo, embora as principais diferenças se vão fazer nas etapas de montanha na serra da Estrela, Senhora da Graça e Fafe. “O meu maior objectivo é que seja um colega meu a vencer, seja o David Bernabeu, o Zintchenko ou o Rui Sousa”.Gonçalo Amorim partilha deste sentimento e revela que a grande aposta da equipa vai mesmo ser o espanhol David Bernabeu, que já este ano ganhou o troféu Joaquim Agostinho e que em 2002 foi quinto na Volta a Portugal.Dois candidatos à vitória no CartaxoA chegada da segunda etapa da Volta a Portugal ao Cartaxo vai ser certamente um dos momentos mais marcantes nas carreiras de Renato Silva e Gonçalo Amorim, naturais e residentes naquele concelho ribatejano.Embora a chegada seja mais propícia para sprinters, ciclistas que têm uma ponta final muito forte, nenhum dos dois nega que cortar a meta em primeiro lugar frente aos seus amigos e conterrâneos seria algo muito especial. “Era muito pessimista dizer que não gostava de ganhar no Cartaxo. É uma chegada propícia para sprinters, será difícil, mas se me sentir bem vou tentar aproveitar a pequena subida a dois quilómetros da meta para ganhar alguma vantagem e vencer a etapa”, refere Gonçalo Amorim.Renato Silva também não promete nada mas não esconde que seria uma alegria vencer no Cartaxo. “Quem sabe. Seria muito bom. É a minha terra”Até chegar ao Cartaxo, a volta vai percorrer o distrito de Santarém de alto a Baixo, com passagem por mais seis concelhos, como se pode ver no esquema seguinte, onde estão indicadas as horas previstas de passagem pelas várias sedes de concelho.Mile quinhentos quilómetrosem dez diasA Volta a Portugal deste ano vai ter dez etapas, em que os ciclistas terão de percorrer 1507 quilómetros entre os dias 29 de Julho e 8 de Agosto. O pelotão vai para a estrada esta quinta-feira, nas Termas de Monfortinho. A primeira etapa terá 190,6 quilómetros (km) e terminará em Castelo Branco, de onde partirá a segunda etapa, com 197,7 km, cujo final está marcado para o Cartaxo.Os ciclistas iniciam depois, na Batalha, a subida para Norte, com paragem em Viseu (209 km), de onde se arranca para a tradicional subida da Senhora da Graça (160,8 km).Os corredores sairão depois de Santo Tirso até Fafe (138,2 km), passando pela bela região do Gerês, antes da chegada a uma terra do ciclismo, Santa Maria da Feira (146,6 km, que será igualmente o cenário do merecido descanso da caravana.O pelotão retoma a estrada em S. João da Madeira, numa etapa que começa já a ter a Serra da Estrela como fundo, e que termina em Gouveia (152,2 km), para, na antepenúltima tirada, se fazer, com partida do Fundão, a tradicional subida até à Torre (143,4 km).Figueira da Foz será cenário da partida para a última etapa em linha da prova que levará os sobreviventes até Alcobaça (147,2 km). Depois de nova neutralização, o contra-relógio final (31,3 km) terá partida de Oeiras, com a Volta a terminar em Sintra, sem que desta vez percorra o Alentejo e o Algarve.GonçaloAmorim nosJogos OlímpicosGonçalo Amorim é um dos seis pré-seleccionados para a equipa de quatro portugueses que vai participar nos Jogos Olímpicos de Atenas. Deste grupo de seis irão sair dois atletas, mas o ciclista do Cartaxo nem quer pensar que possa vir a ser excluído.“Se me tocar a mim não ir, irei dizer muitas coisas”, afirma Gonçalo Amorim, que não concorda com eventuais escolhas de atletas que anteriormente não quiseram representar a selecção e que agora, por se tratar de uma prova com o reconhecimento dos Jogos Olímpicos, já querem ir.“Há três anos nos mundiais de Lisboa fiz das melhores classificações portuguesas e tenho estado sempre disponível, por isso não fico satisfeito se não for escolhido”, conclui o ciclista do Cartaxo.

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