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Acidente de trabalho causa três mortes

Acidente de trabalho causa três mortes

Tragédia na Sociedade Lusitana de Destilação, em Riachos

A concentração de gases num depósito de borras de vinho de uma destilaria de Riachos foi letal para três funcionários que ali procediam a uma operação de rotina. As vítimas não usavam máscaras apropriadas para lidar com aquele tipo de substâncias tóxicas.

Três homens morreram intoxicados com gás na terça-feira de manhã quando procediam à limpeza de um depósito subterrâneo de borras de vinho na Sociedade Lusitana de Destilação, em Riachos (Torres Novas). Em comunicado distribuído à comunicação social a empresa afirma que se tratava de uma operação de rotina.António Cristiano, de 41 anos, José Amado Vieira, de 40 anos, e Ricardo Sousa Correia, de 26 anos, foram as vítimas deste acidente de trabalho. Três outros funcionários da destilaria receberam tratamento hospitalar por crise de ansiedade e um bombeiro com problemas respiratórios foi igualmente socorrido no hospital de Torres Novas, tendo-lhes sido dada alta passadas algumas horas.Francisco Morgado, director clínico daquela unidade hospitalar, adiantou a O MIRANTE que não foi identificado o gás tóxico fatal para os três funcionários da destilaria. “Pelo cheiro eu diria que se trava de dióxido de carbono, gás metano e gás sulfídrico, mas não tenho análises de gases”, adiantou o director.Os sinistrados deram entrada no hospital já cadáveres. António Cristiano e José Vieira residiam em Riachos, ambos eram casados e pais de filhos menores. José Vieira trabalhava na Sociedade Lusitana de Destilaria desde Dezembro e António Cristiano, conhecido na vila por “Toinito Preto”, era ali empregado há vários anos. A terceira vítima, Ricardo Correia de Sousa, era engenheiro e estava na empresa há cerca de dois anos. O técnico era natural do Outeiro da Cortiçada, concelho de Rio Maior.Fernando Zuzarte Reis, um dos responsáveis pela empresa, afirmou que a limpeza dos tanques é “uma operação de rotina e nunca houve qualquer problema”, acrescentando que as causas que provocaram a intoxicação só poderão ser conhecidas após análises aos depósitos.No fundo do tanque estavam depositados borras de vinho de onde já tinha sido extraído todo o álcool. Os resíduos não eram inflamáveis pelo que não houve qualquer explosão. Houve sim uma concentração excessiva de gases que dificilmente podiam sair pela estreita abertura dos reservatórios.“A única entrada e saída para estes depósitos faz-se por uma abertura com 40 centímetros de diâmetro, onde estão instalados dois ou três tubos de duas polegadas”, frisou o comandante adjunto dos Bombeiros Voluntários Torrejanos, José Carlos, que comandou a operação de resgate das vítimas.A estreita passagem dificultou as operações. Foi preciso encontrar homens magros que pudessem descer com o equipamento. O período de tempo que podiam permanecer no depósito era de cerca de 25 minutos, a partir daí começavam a correr perigo de vida. “Retirámos duas das vítimas e tivemos de arranjar mais homens esguios para resgatar a terceira, já cadáver como as anteriores”, continuou o comandante, adiantando que os funcionários tinham como única protecção uma máscara de papel.No local estiveram 50 bombeiros, apoiados por 16 viaturas, das corporações de Torres Novas, Golegã e Barquinha. Margarida Trincão
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