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Imprensa regional olhada com desconfiança

Imprensa regional olhada com desconfiança

Debate em Santarém apontou algumas pechas
A imprensa local e regional presta um bom serviço às populações? Sem querer generalizar, o director do jornal diário Público acha que não e por várias razões. José Manuel Fernandes considera que na maior parte dos casos “há uma enorme dependência” relativamente ao poder político local que retira margem de manobra para se abordarem temas de interesse para essas regiões. “É muito difícil ser independente da câmara municipal ou das direcções regionais”, disse a título de exemplo.O director do Público, que falava num debate sobre Imprensa e Desenvolvimento Regional realizado quinta-feira, 22, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, adiantou ainda que na maior parte das regiões portuguesas não existe massa crítica nem temas públicos susceptíveis de debate. “Alguns jornais vestem um bocado as camisolas das suas regiões o que acaba por esmagar o espaço público de debate”, observou, notando que o retrato que esboçou “é um pouco pessimista”.A opinião de José Manuel Fernandes sustenta-se também na experiência do próprio jornal Público que lançou no ano passado uma edição destinada ao Minho, sem que os resultados em termos de aumento de circulação fossem satisfatórios. Aí, ressalvou, terá contado o interesse dos leitores, mais virado para a “micro-notícia com aproximação ao registo voyeurista ou de fait divers” do que para o tipo de jornalismo praticado no seu jornal.José Pacheco Pereira corrobora algumas das opiniões do director do Público relativamente à excessiva dependência de alguns jornais ao poder local e deu um exemplo dizendo que é muito difícil fazer um balanço isento e objectivo do trabalho de Pedro Santana Lopes enquanto presidente da Câmara da Figueira da Foz lendo a imprensa desse concelho.De qualquer modo, Pacheco Pereira diz encontrar na imprensa regional a informação imediata que considera útil. A dificuldade no interior do país, diz, é ter acesso aos jornais. O mediático cronista e comentador político considera que a compra de jornais não está dentro dos hábitos da maioria dos portugueses porque, muitas das vezes, não tem local onde os adquirir. A conclusão alicerça-se na sua própria experiência. Quando passou a residir na Marmeleira, uma pequena vila do concelho de Rio Maior, Pacheco Pereira ficou a dez quilómetros de distância do ponto de venda mais próximo. Na terra, as notícias lêem-se no café, nos jornais comprados pelo proprietário. “Significa que aquela população não está habituada a comprar jornais”, disse.O presidente da Associação Portuguesa de Imprensa criticou as empresas que não apostam na profissionalização das suas redacções mas focou também as dificuldades que os jornais locais e regionais encontram para arranjar profissionais. “Ninguém quer trabalhar no jornal da terra. Os jornalistas preferem trabalhar à peça para jornais nacionais”, observou João Palmeiro.O debate foi promovido pelo Observatório de Imprensa, que nesse dia apresentou os cursos de aperfeiçoamento profissional que vai ministrar na região, destinados a jornalistas e outros profissionais do sector.
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