uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Externato Braamcamp Freire fechou

Dificuldades legais e financeiras e diminuição do número de alunos

Uma das mais antigas escolas privadas do Distrito de Santarém, o Externato Braamcamp Freire, fechou. A decisão foi tomada devido a problemas legais de difícil resolução, à acumulação de prejuízos e à drástica diminuição de alunos.

O Externato Braamcamp Freire, em Santarém, não vai abrir este ano lectivo. Problemas legais e financeiros, aliados à diminuição progressiva do número de alunos, tornaram inevitável o encerramento do colégio particular, fundado em 1937 por Romeu Neves e Lino Dias Valente e pelo qual passaram muitas gerações de alunos, alguns dos quais desempenham hoje cargos de relevo na vida pública e empresarial da região.O actual gerente, Luís Nobre da Veiga, neto de Romeu Neves, diz tudo ter feito para manter o colégio aberto, mas a conjugação de vários factores precipitaram a decisão agora tomada. Pouco depois de assumir funções, em 1998, Luís Nobre da Veiga descobriu que a sociedade detentora do alvará - Estabelecimento de Ensino Particular Braamcamp Freire, Lda - tinha a escritura mal feita no primeiro cartório de Santarém, o que impedia o seu registo na conservatória do registo comercial.A ilegalidade estatutária da sociedade obstou a que houvesse candidaturas a quaisquer apoios ou subsídios para a recuperação do edifício ou da empresa. Como se isso não bastasse, nos últimos três anos, o Ministério da Educação foi pressionando cada vez mais para que fosse apresentado o documento de registo da sociedade, que não existia.Entretanto, a degradação do edifício, situado junto ao Convento de São Francisco e ao Jardim da República, era crescente, sobretudo ao nível do telhado. O senhorio do prédio quis aumentar a renda de 100 euros para 1250 euros por mês, valor incomportável para o externato. Luís Nobre da Veiga acabou por comprar o edifício, fez as obras e manteve o colégio aberto.Mas nem assim as dificuldades terminaram. O número de alunos foi decrescendo. Em 2001 eram 50, no ano seguinte desceu para 34 e no ano passado só se inscreveram 27 alunos, dos quais apenas dez chegaram ao final do ano lectivo.Nos seis anos em que foi gestor do colégio, Nobre da Veiga nunca recebeu ordenado pelas suas funções. A propriedade do edifício só lhe deu prejuízo uma vez que o colégio nunca teve dinheiro para lhe pagar pontualmente a renda. Uma dívida superior a trinta mil euros que poderia ter amortizado as dezenas de milhar de euros gastos em obras de recuperação.A este autêntico “saco” sem fundo, juntaram-se nos últimos meses as indemnizações aos professores e à funcionária do externato, pagas também do bolso do gerente, uma vez que a sociedade há muito que estava tecnicamente falida. O Ministério da Educação exigia também novas obras, nomeadamente a instalação de um sistema de detecção de incêndios e uma escada exterior de acesso ao primeiro andar.O Externato Braamcamp Freire só sobrevivia devido à enorme vontade de Luís Nobre da Veiga, mas a sucessão de factos descritos anteriormente e a acumulação de prejuízos tornou a situação insustentável. É com indisfarçável emoção que o gestor fala do encerramento do estabelecimento particular de ensino, mas garante que tem a consciência que fez tudo quanto lhe foi possível fazer para manter as portas abertas.De sala de explicações a externatoO Externato Braamcamp Freire nasceu da carolice dos então capitães Romeu Neves e Lino Dias Valente, que no início da década de 30 do século passado criaram uma escola de explicações, numa sala situada na zona do Pereiro, próximo do actual quartel da GNR em Santarém.Em 1937 a escola passou a estabelecimento particular de ensino, sendo durante muito tempo conhecido como “Colégio dos Capitães”. Há poucos mais de meio século, o externato mudou-se para as actuais instalações, onde anteriormente funcionava o hotel Aliança.O Externato Braamcamp Freire era o estabelecimento de ensino privado mais antigo da região. Tinha alvará passado pelo Ministério da Educação e funcionava em paralelismo pedagógico com a Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém.

Mais Notícias

    A carregar...