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Veraneante Manuel Serra D’Aire

Só me falta adivinhar os números do totoloto. Bem dizia eu que o Ministério da Agricultura havia de vir tanto para Santarém como Santana Lopes vai enveredar pela vida monástica. Aliás, nem veio ministério nem veio secretaria de Estado. Nem sequer uma secretária do secretário de Estado ou uma decotada assessora com quem pudéssemos dissertar sobre a cultura dos marmelos, que tão descurada anda.Aquela de mandar a secretaria de Estado para a Golegã não lembrava ao Diabo. É verdade que algum dia temos secretários de Estado espalhados desde Freixo de Espada à Cinta a Vila do Bispo, mas ainda não percebi porque é que em Santarém há tanto lamento. Há que ver as coisas pela positiva. Imaginemos que o presidente da Câmara da Golegã não oferecia o palacete do século XVII ao secretário de Estado. E que não havia qualquer outro autarca ribatejano que disponibilizasse nem que fosse um acanhado sótão ou uma mísera garagem para albergar o governante. Obviamente que o primeiro-ministro, no afã de cumprir o prometido, ia arranjar maneira de instalar o homem em Santarém desse por onde desse. E com isso podia causar transtornos perfeitamente evitáveis a vítimas inocentes.Já estou a ver o meu compadre Jacinto a acordar um dia destes e a deparar com uma trupe de homens engravatados e de fato cinzento a ocupar-lhe o anexo no quintal onde faz as churrascadas. E o secretário de Estado a dar-lhe conta da requisição do tugúrio, motivada pela utilidade pública. Uma lavagem ao chão com creolina e as paredes caiadas e estava pronta a secretaria de Estado. E as patuscadas do bom do Jacinto que se lixassem.Foi para evitar esse risco que o presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez, se antecipou, com visão clínica da coisa. Ou não fosse ele médico e homem preocupado com o bem estar dos cidadãos, sejam eles da terra dele ou de Santarém. Antes que se estragasse a vida a alguém, levem-se os homens para a Golegã e toca a mandá-los para o campo. Porque há muito tomate e uva para apanhar e mão-de-obra no palacete não deve faltar…Além disso, Santarém tem é que se preocupar com os poucos anéis que lhe restam. O título de Capital do Grelo, proclamado por uns castiços escalabitanos, está em risco. A PSP e a vereadora Idália já prometeram fazer a folha aos panfletários do Grelo e mais tarde ou mais cedo os homens viram-se para outras paragens. A lógica, aliás, recomenda que a localidade onde se encontra instalada a secretaria de Estado da Agricultura seja também capital do Grelo. Admirem-se pois se Veiga Maltez aproveitar mais essa deixa. Ainda havemos de ver todos os sinais de trânsito, placas indicativas, caixas dos telefones, postes da electricidade e até as fachadas dos Paços do Concelho da Golegã e da Secretaria de Estado da Agricultura minados de autocolantes do Grelo. E o presidente da Câmara de Santarém a escrever artigos nos jornais a dizer que tudo não passou de uma cabala contra a sua governação. Outra figura que merece reconhecimento em Santarém é o reformado de 71 anos a quem a polícia destruiu uma plantação de hortícolas a que chamam cannabis. Não se faz! O homem apenas queria mostrar que a vida não acaba aos sessenta, que ainda podia ser útil ao sistema produtivo, ser uma mais valia para o PIB e zás!!!! Cortam-lhe as pernas. Neste caso, abarbatam-lhe a produção deste ano. E pelo que apurei, o homem nem sabia bem para que é que aquilo servia. Apenas que as ervas faziam rir a quem as consumia. E, que se saiba, rir até faz bem à saúde.Um abraço delirante do Serafim das Neves e aproveita bem as férias

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