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Quando há confusão o doente é que paga

Quando há confusão o doente é que paga

Bombeiros Torrejanos levaram meia hora para fazer 200 metros devido a lapso na recepção de informação

Uma ambulância dos Bombeiros Torrejanos demorou meia hora para socorrer uma doente que se encontrava a 200 metros do quartel. A viatura seguiu para a aldeia de Lapas quando se devia ter dirigido para uma rua da cidade. Tudo porque os bombeiros não perceberam bem as indicações dadas através do 112.

Domingo, 29 de Agosto, 12h04. José Bairrada liga para os Bombeiros Voluntários Torrejanos (BVT) pedindo uma ambulância para levar a sua sogra ao hospital. Os voluntários, obedecendo a ordens superiores, aconselham o utente a ligar para o 112, ou seja para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), sediado em Lisboa.A casa da doente dista cerca de 200 metros do quartel dos Voluntários Torrejanos, mas passados dez minutos a ambulância ainda não tinha chegado. Fialho Ferro, outro dos genros da senhora, volta a ligar para o 112 e é informado que o atraso se deve à inexistência de ambulâncias no quartel. Informação que desmente de imediato: “Passei pelo quartel a caminho de casa da minha sogra e estavam quatro ambulâncias paradas”, afirma. Invalidada a desculpa, é-lhe dito que os bombeiros andam perdidos, não encontram a rua do Moinho, n.º 5 em Salvador, Torres Novas. A escassos 200 metros do quartel.Fialho Ferro exaspera-se. “Chamei estúpidos aos bombeiros e o 112 pôs-me em contacto com eles. Fiquei a saber que andavam à procura da Rua do Moinho em Lapas, era essa a informação que tinham”. Na audição da chamada facultada pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a O MIRANTE, dá para perceber que a confusão foi feita pelos próprios bombeiros. Quando receberam a informação que a doente vivia na Rua Moinho da Cova, n.º 5, Salvador”, foi questionado se não seria em Lapas. De novo foi dito pelo INEM que era em Salvador, embora omitindo a localização de Torres Novas, mas a ambulância acabou por dirigir-se para Lapas, chegando a casa da vítima cerca de meia hora depois.Para Fialho Ferro alguma coisa está mal neste sistema de transmissão de informações. “O problema não é com os bombeiros e acabam por ser eles a pagar. Em Lisboa sabem lá onde são as ruas e as freguesias da província?”, argumenta o queixoso, adiantando que considera “um dever de cidadania” denunciar situações que estão mal. “A minha sogra acabaria por morrer, como aconteceu. Tinha chegado a hora dela, mas não se entende como é que as coisas funcionam assim”, desabafa.No registo de chamadas no quartel dos Bombeiros Torrejanos, a chamada do INEM foi recebida às 12h15 e os bombeiros “saíram na hora”, afirma Arnaldo Santos, comandante deste corpo de bombeiros.Apesar do caso relatado por Fialho Ferro não ser um bom exemplo, dado que a troca de localidades foi feita pelos bombeiros, há situações em que tal não tem acontecido desde Julho, altura em que o CODU passou a abranger também os Bombeiros Torrejanos. Arnaldo Santos já manifestou a sua opinião contra o novo sistema junto do Serviço Nacional dos Bombeiros e do INEM e recorda alguma das confusões criadas.“Os bombeiros cumprem a sua obrigação e informam quem liga directamente de que as chamadas têm de ser dirigidas para o 112. São essas as ordens. Mas desde Julho que já houve uma série de informações trocadas”, afirma Arnaldo Santos.Para citar apenas alguns exemplos recentes, lembra duas situações. Numa chamada urgente para socorrer uma vítima junto à igreja de Rexaldia, freguesia de Chancelaria, o INEM passou a informação de que era junto à igreja de Chancelaria. A confusão entre aldeia e freguesia é frequente. Aconteceu o mesmo no Vale da Serra, freguesia de Pedrógão. Também neste caso a localidade foi omitida e o único nome que foi transmitido foi o da freguesia.
Quando há confusão o doente é que paga

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