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Um mundo de gente estranha e cabelo em pé

Um mundo de gente estranha e cabelo em pé

Festival de “trance” atraiu milhares de pessoas à zona de Paço dos Negros, Almeirim

A pacata aldeia de Monte da Vinha andou num enorme reboliço no passado fim-de-semana. Nunca se tinha visto tanta gente de aspecto esquisito por aquelas bandas. O som do festival de trance psicadélico nem deixou ouvir os grilos durante a noite.

Na pequena e antiga tasca do “Nabo”, no Arneiro da Volta, Paço dos Negros (Almeirim) não se fala de outra coisa. Nunca por aquelas bandas tinha aparecido um bando de gente “com roupas estranhas e cabelo empastado”, descreve o dono do estabelecimento. João da Rosa não sabe de onde apareceu tanta gente nem imagina o que fizeram no meio de uma propriedade da zona no último fim-de-semana.A festa, como lhe chama, tem a designação de “trance”. João da Rosa nunca ouviu falar nesse nome. Só sabe que durante a noite, com o batuque da música, nem os grilos se ouviram naquela pequena povoação de meia-dúzia de casas. O que pode contar é o que assistiu no seu café. “Eles são danados para beber água. Esgotaram tudo o que tinha”, lembra, acrescentando que na cerveja só três ou quatro é que pegavam. João da Rosa diz não ter queixas das pessoas que falavam “estrangeiro”. “Nunca percebi o que diziam, mas já sabia que queriam água e assim que metia a garrafa em cima do balcão eles pagavam logo, eram pessoas educadas, apesar de andarem com roupas largas e com aspecto de sujos e com o cabelo empastado e em pé”, sublinha. Por aquelas bandas tamanho movimento nunca tinha sido visto. Era gente a pé com mochilas às costas, autocarros, carros. Mais movimento em dois dias do que num ano inteiro. As pessoas da festa destacavam-se por terem uma pulseira cor de laranja fluorescente. Eram aos milhares, dizem alguns. Havia gente nos restaurantes de Almeirim a comer, outros nos supermercados. Algumas residenciais da cidade encheram. Pela beira da estrada que dá acesso ao local da festa, numa quinta isolada perto do Arneiro da Volta, mas já no concelho da Chamusca, havia caravanas, carrinhas, carros com matrículas belgas, suíças, francesas, espanholas e inglesas. Havia rapazes e raparigas a dormitarem sobre o volante. Outros sentados à sombra.A zona de Paço dos Negros tem sido muito procurada para a realização de festas de trance psicadélico. Iniciativas que têm por base um subgénero de música electrónica desenvolvido na década de 90 em Inglaterra. O trance tem uma batida rápida, com 125 a 150 batidas por minuto, à qual se sobrepõe outros ritmos. Esta foi a terceira vez que se realizou uma trance na zona. As outras decorrerem em Marianos e na barragem dos Gagos. Os organizadores preferem manter-se no silêncio. E os jornalistas não entram. O trance psicadélico é frequentemente tocado em festivais ao ar livre, onde os participantes, por vezes, consomem drogas psicotrópicas como o LSD, o ecstasy e os cogumelos psicadélicos. Segundo o psicólogo Victor Silva, que durante três anos estudou estas festas e cujos resultados foram publicados no Jornal da Madeira, “as pessoas procuram encontrar através da música e das drogas a face de Deus”.
Um mundo de gente estranha e cabelo em pé

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