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Bombeiros acusados de recusar auxílio

Bombeiros acusados de recusar auxílio

Inundação num apartamento onde vivia um deficiente em Azambuja

Uma idosa que vive com um filho deficiente acusa os Bombeiros de Azambuja de terem recusado ajudá-la quando a sua casa se inundou. O comandante diz que houve um erro de comunicação e garante que anda a ser perseguido por antigos voluntários.

Uma mulher de 66 anos, que vive sozinha com o filho deficiente acamado, queixa-se que os Bombeiros de Azambuja recusaram auxílio quando a sua casa estava a ser inundada por uma forte chuvada.Na manhã de 17 de Agosto, Maria Odete Coelho, reformada do Centro de Saúde de Azambuja, teve que deslocar-se a Lisboa para uma consulta. Quando regressou, por volta das 12h00, deparou-se com a água da chuva que corria a jorros pelas paredes do seu apartamento. O algeroz (cano por onde escoam as águas de um telhado) da sua casa estava entupido e a água entrava abundantemente para os dois quartos do segundo andar do prédio onde reside, na Rua Moniz da Maia, no centro de Azambuja.Maria Odete Coelho encontrou o filho, acamado, completamente encharcado. Ainda tentou desentupir o algeroz, mas acabou por desistir. Durante a noite choveu torrencialmente e Maria Odete teve que colocar um alguidar no quarto, mas confessa que nunca pensou que a chuva inundasse o apartamento.Sem ter a quem recorrer para impedir a água de continuar a entrar, Maria Odete foi até ao quartel dos bombeiros, mesmo ali ao lado, e pediu auxílio. “Pedi por tudo que me fossem ajudar porque tinha o algeroz entupido e estava a entrar água por todo o lado”, descreve.Como resposta os bombeiros disseram que não poderiam ajudar por não se tratar de uma situação de emergência. Maria Odete não compreende porque recusaram ajudá-la sem terem ido ao local verificar se seria uma situação urgente. A única solução foi chamar o seu outro filho, que mora no Seixal (a cerca de 100 km de distância), para a ajudar. A queixosa garante que nada tem contra os bombeiros, mas lamenta que numa situação de emergência não possa ter contado com a ajuda dos soldados da paz. “O meu pai foi bombeiro e levantava-se da cama à noite para ajudar quem quer que fosse”, recorda.Revoltada com a falta de auxílio de que foi vítima Maria Odete Coelho já enviou uma queixa ao Coordenador Nacional de Operações de Socorro do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, à autarquia e à direcção dos Bombeiros de Azambuja, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.Nas cartas manifesta a profunda indignação pelo facto de lhe ter sido recusado o apoio numa situação de inundação. “É revoltante ver jovens bombeiros a ver televisão no quartel e a jogar sem fazer nada, quando ao lado do prédio, uma sócia precisa de ajuda”, lê-se na missiva.Vítima de perseguiçãoContactado por O MIRANTE, o comandante dos Bombeiros de Azambuja, Pedro Cardoso, refuta as críticas e sublinha que a limpeza de algerozes não faz parte do trabalho da corporação.“Se a senhora tivesse explicado correctamente a situação e tivesse falado no filho acamado teríamos ido lá e trazíamo-lo ao colo como já o fizemos de outras vezes. Mas quando cá veio só disse que o algeroz estava entupido”, argumenta Pedro Cardoso, que é também o coordenador técnico do gabinete municipal de protecção civil.O comandante lembra que a limpeza dos canos compete a outras entidades e adianta que cada munícipe deve zelar pelos seus equipamentos. “A protecção civil começa por cada um de nós”.Pedro Cardoso considera que o caso foi empolado e acusa dois antigos elementos da corporação, afastados na sequência de processos disciplinares, de continuarem uma perseguição ao actual comando. “As pessoas que fiquem cientes de que não vamos sair e que continuaremos a servir as populações”.O vice-presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, responsável pela protecção civil e segurança do concelho, disse ao nosso jornal que recebeu a carta enviada pela munícipe e pretende responder à queixosa, depois de averiguar correctamente os factos.“A senhora falou-lhes no algeroz e no momento os bombeiros teriam situações mais urgentes”, justifica o autarca. Luís de Sousa lembra que a responsabilidade da limpeza dos algerozes é dos proprietários que devem precaver-se para evitar situações do género.
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