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Crianças da Castanheira têm uma nova casa

Crianças da Castanheira têm uma nova casa

Complexo de apoio à infância foi inaugurado 10 anos depois do arranque

Luz cor e alegria não faltam no novo complexo para a infância de Castanheira do Ribatejo. A obra que vai servir quatro centenas de crianças foi inaugurada no sábado, 10 anos depois da apresentação do projecto.

A Joana e o André têm um mundo novo. Na segunda-feira, 13 de Setembro, começaram uma nova etapa da sua vida. Deixaram pela primeira vez os pais e os avós e foram conhecer a escolinha. Depois de vencerem a timidez, e com a ajuda dos pais, entraram num edifício cheio de cor e luz. Mais uns passos e encontraram uma sala com brinquedos novos, mesas e cadeiras muito pequeninas onde os pais não se conseguem sentar porque “são grandes, muito grandes”.O novo complexo de apoio à infância da Associação de Promoção Social de Castanheira do Ribatejo (APS), no concelho de Vila Franca de Xira, foi inaugurado no sábado na Urbanização de São João, à entrada Sul da vila. O espaço apresenta-se como um modelo, apesar do projecto já ter mais de 10 anos.As salas estão bem dimensionadas, há gabinetes para técnicos e directores, sala de reuniões, sala de tratamentos médicos, casas de banho equipadas com duche, lavandaria, cozinha, um ponto de descanso para funcionárias e um amplo salão que servirá para refeitório e para um conjunto de actividades lúdicas e culturais. Há um jardim interior onde não faltam várias espécies vegetais e uma gaiola para passarinhos. No exterior, o espaço de recreio não é o ideal. A proximidade dos pombais, cujos inquilinos prometem invadir e sujar o espaço das crianças, não agradou a alguns pais. O recreio está equipado com um parque infantil que obedece às mais recentes normas de segurança e promete entreter a criançada. 10 anos à esperaA luta de um grupo de voluntários para a construção do complexo começou em 1994 com a elaboração do projecto. Entretanto, a obra social foi desenvolvida nas instalações da Casa de São José, cedidas por Júlia Palha que mais tarde as doou ao Patriarcado, e em espaços adquiridos pela associação.A caminhada para a consolidação de um sonho foi lenta, árdua e contou com imensos obstáculos. José Nunes, presidente da APS disse mesmo que sentiram muito desalento e vontade de desistir, mas nunca abandonaram o barco e conseguiram chegar a bom porto. “Este projecto esteve oito anos à espera de aprovação. Num país europeu, moderno e dinâmico, isto não pode acontecer”, disse.O líder da instituição lembrou que todos os seus órgãos sociais são voluntários, tal como o grupo de jovens que há 33 anos fundou a associação. Na altura, em 1971, o objectivo era servir 40 crianças e a população da terra era de 1300 pessoas. Hoje vivem na Castanheira mais de 10 mil pessoas e a APS tem 387 utentes e apoia quase um milhar de famílias. “Os problemas sociais não podem esperar”, alertou o presidente da APS perante o olhar atento da representante da segurança social.Maria de Deus, adjunta do presidente do Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa, reconheceu as dificuldades porque passou a associação e elogiou a determinação dos voluntários e o apoio da câmara que financiou a obra num montante superior ao da segurança social. “Nem todas as câmaras são assim”, disse.Num investimento total de 2 milhões e 412 mil euros, a autarquia apoiou com 492 mil euros, enquanto o Instituto de Solidariedade e Segurança Social financiou com 431 mil euros, sendo o restante concedido pela junta de freguesia (7.300 euros), por empresas da freguesia (1750 euros) e pela associação (1milhão e 480 mil euros). A APS teve de fazer o milagre da multiplicação dos cêntimos numa tarefa que envolveu todos os agentes, incluindo as funcionárias que o presidente da associação não se cansou de elogiar em dia de festa.José Nunes frisou que terminada a primeira fase do projecto, a direcção já está a trabalhar na segunda. A APS vai instalar um atelier de ocupação de tempos livres (ATL). O dirigente aproveitou a presença dos parceiros para pedir ajuda e celeridade na aprovação do projecto.Ausência do governoA cerimónia da inauguração do novo complexo da infância foi presidida pela líder da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira que não participou na abertura do Congresso Mundial das Cidades Taurinas em Olivenza, onde é presidente da assembleia-geral, para estar “num momento especial” para a freguesia de Castanheira. “É seguramente muito mais importante na minha agenda”, disse. A cerimónia não contou com qualquer representante do governo, o que começa a ser um hábito no concelho. Maria da Luz Rosinha (PS) lamentou a ausência do director distrital da segurança social e aproveitou a presença da sua adjunta para alertar para o problema da Cercipóvoa-Cooperativa que apoia crianças deficientes e inadaptadas na Póvoa de Santa Iria, cuja nova sede está parada por falta de verbas da administração central. Nelson Silva Lopes
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