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Versão de testemunha compromete vereador Carrão

Mãe de uma das assistentes no processo do ex-vereador António Fidalgo ouvida em tribunal

Na última sessão do julgamento do ex-vereador da Câmara de Tomar, António Fidalgo, acusado de coacção sexual por quatro funcionárias, a mãe de uma das queixosas contou que sabia da situação desde a Páscoa de 2001. E que o caso era também do conhecimento do vereador Carlos Carrão.

A mãe de uma das quatro assistentes no processo de coacção sexual contra o ex-vereador da Câmara de Tomar, António Fidalgo, confirmou na audência de dia 16 que o vereador Carlos Carrão e a secretária do presidente da autarquia sabiam do caso. Maria Manuela Freitas disse que a filha foi ao gabinete do presidente com a intenção de se despedir porque não aguentava mais as supostas investidas do seu superior hierárquico.Segundo contou, nesse dia ligou para o telemóvel da filha para saber como tinha decorrido a conversa com o presidente, António Paiva, que na altura não se encontrava nos paços do concelho. “Quem me atendeu o telemóvel foi a Mafalda (secretária da presidência) e disse-me que já lhe tinham dado um calmante e que estava com o ve-reador Carrão a dar-lhe conselhos sobre como devia agir”, relatou. As versões da secretária e de Carlos Carrão, quando testemunharam neste julgamento, foram em sentido diferente. Sublinharam que receberam a funcionária, mas que tinham ficado com a ideia que se tratava de problemas de relacionamento com o vereador relativamente a questões de trabalho. A testemunha sublinhou que a sua filha ficou bastante afectada com as alegadas investidas do arguido e confirmou que sabia do que se passava desde a Páscoa de 2001. Relatou ao tribunal que António Fidalgo ligava frequentemente para o telemóvel da filha, às vezes depois das 22h30.Maria Manuela Freitas disse que chegou a reunir com o vereador dando-lhe conta que a filha andava muito nervosa. “Disse-lhe para a deixar em paz”, descreveu, acrescentando que não abordou directamente o tema do assédio sexual. E prosseguiu dizendo que o ve-reador lhe respondeu que a assistente era uma excelente funcionária e que só não era chefe de divisão porque não queria.Durante o testemunho foi ainda dito que António Fidalgo tentou que a queixosa o acompanhasse em visitas a obras no concelho depois do horário de trabalho. E realçou que nunca tomou nenhuma posição porque não queria escândalos. Maria Manuela Freitas, que se apresentou na audiência de quinta-feira visivelmente nervosa, chegou a dizer que se considerava inimiga do vereador. “Não o posso ver com bons olhos porque ele fez mal à minha filha”, declarou. A testemunha sublinhou ainda que nunca presenciou nada, mas ressalvou que a filha lhe contava que era frequente sentir-se assediada por António Fidalgo. “Contou-me que a tentava agarrar e beijar à força”. Maria Manuela Freitas chegou a exaltar-se quando o advogado de defesa, Manuel Antão, a confrontou com o facto da sua descendente ter viajado com o vereador, em trabalho, para França, onde alegadamente ficaram hospedados no mesmo hotel. A testemunha disse que a queixosa nunca esteve sozinha e que só foi porque a câmara tinha deliberado nesse sentido. A próxima sessão do julgamento está marcada para dia quatro de Outubro à tarde.

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