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Um economista que sofre pelo Benfica

Um economista que sofre pelo Benfica

Pedro Félix trabalha na Nersant desde 1998

Nascido e criado na vila da Golegã, Pedro Félix foi sempre um aluno exemplar e com queda para os números. Ao contrário das outras crianças, quando era pequeno nunca pensou ser bombeiro ou polícia. “Sempre gostei de matemática e dos números”, confessa quem aos 29 anos é responsável pelo departamento técnico da Associação Empresarial da Região de Santarém.

Fez os incontornáveis testes de vocação e aptidão vocacional no ensino secundário mas os resultados não disseram grande coisa. Como nos horóscopos, o que estava escrito dava para quase todas as situações profissionais. Não que Pedro Félix se tivesse importado. No final do nono ano já tinha a perfeita noção daquilo que queria – ser economista.Aliás, mais do que ter um sonho a nível profissional, o que ambicionava era estudar em Coimbra. Entrou com facilidade na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e nunca teve sobressaltos com as notas, mas confessa não ter conseguido implementar na faculdade o método de estudo que aplicava no secundário – nunca faltar às aulas e estudar apenas na véspera dos exames. “Quem quiser estudar sem deixar de fazer farras, Coimbra é o paraíso”.Choque foi entrar no mundo do trabalho. Quando acabou o curso, em 1997, o economista já tinha decidido regressar ao Ribatejo. Por isso começou a enviar candidaturas para empresas da zona. A primeira candidatura enviada foi precisamente para a Nersant, que tinha posto a concurso uma vaga para avaliador de projectos. Uma aposta ganha já que começou a trabalhar na associação em Fevereiro de 1998. A sua função era bem clara – avaliar projectos empresariais no âmbito do Rime (Regime de Incentivos às Micro Empresas), um programa de gestão nacional mas financiado pela Comunidade Europeia.Não tinha a mínima ideia do que havia a fazer e nos primeiros tempos andou positivamente a apalpar terreno. “Hoje tenho a perfeita noção que quem acaba um curso, seja de economia ou de outra área, não tem a mínima noção do que é trabalhar nu mundo real” considera o economista, adiantando que os cursos têm pouca aplicação prática.Apesar dos receios iniciais e entrada no mundo do trabalho correu muito bem. Talvez porque, como o próprio diz, o enquadramento foi muito bom.Pedro Félix estava encarregue de acompanhar as empresas que se candidatavam. Analisava os dados numa base económico-financeira, estudava a viabilidade dos projectos apresentados e fazia a proposta de aprovação ou não desses projectos.Cada empresa absorvia a sua atenção por dois ou três dias. No total a equipa de que fazia parte analisou mais de meio milhar de projectos, em pouco mais de três anos. Mas o seu trabalho não se esgotava nos números. O trabalho era também feito a montante e a jusante. “Só não intervíamos em duas fases, as cruciais. Era na aprovação propriamente dita e na libertação de verbas”.A maior parte das propostas foi aprovada mas houve algumas que, apesar de não o merecerem, acabaram por ser chumbadas. “Há pessoas que olham demasiado para aquilo que está escrito, não olham para a realidade das empresas nem conhecem a realidade do tecido empresarial da região”, lamenta o economista, adiantando que por causa de três ou quatro linhas escritas alguns bons projectos ficaram na gaveta.Pedro Félix tem horário de entrada mas nunca sabe a que horas irá sair. Raramente sai da empresa antes das oito da noite. Gosta de trabalhar em silêncio, quando o departamento está vazio, talvez porque pense melhor.Quando chega a casa dos pais, onde mora, tem o jantar feito mas a maior parte das vezes senta-se sozinho à mesa, devido à hora tardia. E mesmo a dormir, costuma sonhar com situações do trabalho, quando algo o preocupa.Encontra o remédio para o stress no desporto. É dirigente desportivo do Futebol Clube Goleganense e no ano passado chegou a coadjuvar o treinador das camadas juvenis, o que lhe deu imenso gozo. Benfiquista dos sete costados, é um sócio sofredor. “É das coisas por que mais sofro”, confessa.Hoje é responsável pelo departamento técnico e de desenvolvimento regional e a sua função divide-se em duas grandes áreas – uma de apoio às empresas, respondendo às dúvidas dos associados, e uma outra que diz respeito ao desenvolvimento de projectos de apoio à envolvente empresarial, mais estruturantes. Como o próprio diz, a função mais nobre de uma associação.Margarida Cabeleira
Um economista que sofre pelo Benfica

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