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A terra para além do rio

A terra para além do rio

Nabão é delimita a freguesia urbana de Santa Maria dos Olivais, em Tomar

É no rio Nabão que começa e acaba a freguesia de Santa Maria dos Olivais, a maior da cidade e uma das maiores do distrito em termos de população. Os cerca de 18 mil habitantes têm à sua disposição quase tudo o que uma cidade pode oferecer. Mas há ainda uma franja da população que não tem saneamento básico, estradas alca-troadas ou sequer iluminação pública.

A freguesia de Santa Maria dos Olivais foi criada em 12 de Dezembro de 1933, quando os habitantes de Tomar ficaram “divididos” por duas freguesias. Santa Maria dos Olivais nasceu numa parte da cidade ainda por desbravar e foi-se desenvolvendo até criar hoje a chamada cidade nova.Os habitantes mais velhos do concelho ainda são do tempo em que, quando se ia à cidade, alguém perguntava sempre: “vais a Tomar ou a além do rio?”. Era assim, além do rio, que era conhecida Santa Maria dos Olivais.Além da zona urbana, a freguesia tem mais 11 lugares rurais, espalhados por uma área de 17 quilómetros quadrados. São os parentes pobres da freguesia. A iluminação pública é deficiente e, em alguns casos, há ruas sem qualquer lâmpada, estradas esburacadas e em terra batida, falta de saneamento básico.O presidente da freguesia bem tenta resolver a situação, mas o dinheiro não chega para tudo. Pelo menos uma coisa conseguiu fazer desde que entrou, em 1997. Foi dar nome a todas as ruas e ruelas da freguesia. “Dá mais dignidade a quem ali mora e pelo menos os carteiros já não se enganam”, diz o autarca.É na área nobre da freguesia, a zona urbana, que se multiplicam os equipamentos e as infra-estruturas de Tomar. É para lá do rio e do casario do centro histórico que funciona o hospital, o complexo desportivo das piscinas, o estádio e pavilhão municipais.É na margem esquerda do Nabão que estão instaladas todas as escolas do segundo e terceiro ciclo, secundárias e de ensino superior existentes na cidade. É dali que os bombeiros partem sempre que são chamados para uma ocorrência.Ao longo dos últimos anos, a freguesia de Santa Maria tem vindo a “roubar” à sua congénere urbana (freguesia São João Baptista) alguns dos equipamentos anteriormente ali existentes. O Centro de Emprego e Formação Profissional, actualmente situado na Várzea Pequena, vai brevemente mudar-se de armas e bagagens para a margem esquerda do Nabão, a escassos metros da casa mortuária, construída há dois anos. E até o mercado semanal mudou para a margem onde começa a freguesia.Os grandes hipermercados estão instalados na freguesia de Santa Maria, assim como o instituto politécnico e o centro de formação profissional. Na zona urbana da freguesia não faltam cafés, restaurantes, bares, farmácias.É também nesta freguesia que algumas das associações mais emblemáticas da cidade têm sede, como a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, a Canto Firme, o Clube de Actividades de Lazer e Manutenção (CALMA), a Escola de Futebol, o Sporting de Tomar (hóquei em patins) e o União de Tomar (futebol).É onde os prédios são mais altos mas onde falta habitação social para muitas famílias. O Bairro Nossa Senhora dos Anjos foi o último equipamento construído para dar apoio às situações de carência habitacional na cidade. Desde essa altura que não se faz habitação social em Tomar, já lá vão mais de 30 anos.Fala-se das carências económicas e sociais do Bairro 1º de Maio, conotado com negócios de droga e prostituição. Mas ao presidente da freguesia quem lhe dera ter todas as pessoas da freguesia nas mesmas condições infra-estruturais das existentes naquele bairro. “Todos têm casa, água, luz e estrada alcatroada à porta”.Quanto ao facto de ser um bairro socialmente problemático António Rodrigues é peremptório: “Se as pessoas não têm orientação não há junta, câmara ou decreto-lei que lhes possam valer”.Quem chega à cidade pelo sul demora no mínimo 15 a 20 minutos para passar a ponte sobre o Nabão e entrar na freguesia de Santa Maria. E para arranjar estacionamento demora-se depois outro tanto. Em termos de fluidez de trânsito a zona urbana da freguesia é um verdadeiro caos, uma completa anarquia.O presidente da junta diz que não é bem assim mas admite que se existissem transportes urbanos e a segunda ponte sobre o rio estivesse construída a situação melhoraria muito.A maior vergonha do presidente da junta vai todavia para o estado de degradação, às vezes mesmo abandono, de alguns monumentos classificados. Como a Igreja de Santa Maria dos Olivais - retratada numa canção dos Quinta do Bill – que precisa de algumas obras de restauro ou do já tão falado fórum romano, que continua escondido por ervas e mato.Margarida Cabeleira
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