uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Portagens reais para investimentos reais

Portagens reais para investimentos reais

Ministro das Obras Públicas anunciou em Tomar contrapartidas à taxação na A23

O ministro das Obras Públicas veio a Tomar anunciar 372 milhões de euros de investimento para remodelação e construção de novas vias rodoviárias para a região, a realizar nos próximos quatro anos. Uma espécie de contrapartida pela instalação de portagens na A23 que não sossegou os autarcas.

Quase quatro horas de reunião com muitos dos autarcas do Ribatejo e de regiões limítrofes parece não ter sido suficiente para o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações ter convencido os eleitos locais das vantagens de instalação de portagens na A23. Numa “conversa” à porta fechada, António Mexia apanhou de surpresa os autarcas ao equacionar a colocação de portagens entre o nó da A1, em Alcanena, e Abrantes. Se já antes a maioria dos autarcas se mostrou contra a taxação na A 23 entre Abrantes e a Guarda – actualmente em regime SCUT (sem custos para o utilizador) - a possibilidade disso vir a acontecer nos restantes 37 quilómetros que ligam o nó da A1 a Abrantes deixou-os com os nervos em franja.Para os autarcas, esse troço deve ficar fora do sistema de taxação por não ser zona concessionada e também por servir uma região com complementaridades urbanas.O presidente da Comunidade Urbana do Médio Tejo (CUMT) e da Câmara de Tomar, António Paiva (PSD), sublinhou no final da reunião que a população servida pela A23 não tem alternativas para, por exemplo, aceder às três unidades de saúde (situadas em Torres Novas, Tomar e Abrantes) que compõem o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT).“Nós entendemos que a A23 começa em Abrantes e segue para Espanha. A portagem, a ser colocada, deve sê-lo em Abrantes. Dali para cá o que temos é uma ligação entre espaços urbanos”, afirmou António Paiva. O autarca ressalvou ainda o facto de outros municípios, situados a mais de 30 quilómetros da A23, terem também necessidade de isenção de portagens, como Ferreira de Zêzere e Ourém, uma vez que a população desses concelhos também é servida pelo CHMT.Apesar de ter apelidado a reunião como uma mera auscultação dos autarcas da região, António Mexia trazia um trunfo na manga – 372 milhões de euros de investimentos rodoviários a realizar nos próximos quatro anos.Um plano que, como disse, visa concretizar um conjunto de vias há muito projectadas para o distrito mas até agora sem perspectivas de execução. Uma espécie de cereja em cima de um bolo amargo que foi de difícil digestão para alguns dos autarcas.Como o presidente da Câmara de Mação, um dos mais contestatários relativamente à inclusão de portagens na A23. Para Saldanha Rocha (PSD), o papel entregue pelo ministro, com a inscrição de mais de duas dezenas de obras previstas para a região até 2008, não passa disso mesmo, de uma folha de papel.Saldanha Rocha mostrou-se também agastado pelo facto do ministro só agora, perante o facto consumado, ter reunido com os autarcas, quando deveria tê-lo feito antes, nomeadamente com os eleitos localmente pelo PSD, como ele próprio.Para o autarca de Mação também não ficou esclarecido se o dinheiro das futuras portagens irá reverter para novas estradas na região, uma vez que os contratos com as concessionárias vão ser renegociados. “É preciso fazer investimentos e isso custa muito dinheiro”.Também Nelson Carvalho (PS) e António Mendes (CDU), presidentes das câmaras de Abrantes e Constância, se mostraram cépticos relativamente aos milhões em vias de comunicação apresentados pelo ministro.Os autarcas dizem que já outros ministros da tutela apresentaram por diversas vezes investimentos considerados fundamentais para a região e que ainda hoje eles estão por fazer. “Propostas desta natureza levam anos a concretizar-se e nós temos exemplos de 20 anos de espera por uma obra”, referem.António Mexia garantiu no entanto que o plano de investimento rodoviário apresentado aos autarcas é para ser cumprido nos próximos quatro anos, quando teoricamente será levantada a isenção de taxação para residentes e empresas num raio de 30 quilómetros da A23.Referindo-se ao princípio do utilizador/pagador, o ministro salientou que os autarcas têm de entender que a actual situação é insustentável, com a renda das chamadas SCUT a ultrapassar já os 800 milhões de euros em 2006 e 2007.“Só com a introdução de portagens nas auto-estradas haverá disponibilidade de fundos para cumprir um plano rodoviário nacional que tem vindo a ser sucessivamente adiado desde 1985”, finalizou António Mexia.
Portagens reais para investimentos reais

Mais Notícias

    A carregar...