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Obras afastam clientes

Obras afastam clientes

Comerciantes e moradores estão revoltados com a Câmara de Vila Franca

Os comerciantes da zona antiga da cidade de Vila Franca estão desesperados com as obras que afastaram os clientes. A facturação caiu a pique e alguns negócios já faliram. A câmara lamenta os prejuízos e garante que a primeira fase estará pronta no fim do ano.

Dois homens carregam quatro botijas de gás às costas e chegado à porta do Restaurante “O Forno” atiram as botijas para o chão numa reacção de protesto. Os distribuidores estão fartos das obras que impedem o acesso da carrinha junto das habitações e estabelecimentos da Rua Direita e obrigam-nos a um esforço suplementar.A situação repete-se há quase quatro meses e esta é apenas uma das ruas da zona histórica da cidade que está em obras desde Julho numa intervenção para colocação de saneamento e novos pavimentos.O painel informativo colocado na entrada da rua Direita indica que as obras deveriam durar 90 dias, mas já passou mais um mês e ainda há muito trabalho pela frente. A rua está cheia de armadilhas que já traíram vários idosos e crianças. Alguns doentes já tiveram que ser transportados ao colo e em cadeira de rodas porque a ambulância não conseguiu chegar à residência. “Não pensaram em nós”, lamenta uma das moradoras que devido à idade avançada e aos problemas de saúde está dependente de apoio para se deslocar. Dezembro é o melhor mês para o negócio, mas o estado em que se encontra a rua afastou os clientes. Os comerciantes fazem contas à vida e estão com os nervos em franja. No Restaurante “O Forno” a facturação caiu mais de 40 por cento e alguns dos nove postos de trabalho estão em risco. “Facturamos em três dias menos do que fazemos num. Em 21 anos nunca tive caixas assim”, lamenta Fernando Carneiro, um dos proprietários do restaurante. O sócio José Gabriel sublinha que as obras foram bem vindas, mas critica a falta de planeamento e organização.Uma ideia reforçada por todos os comerciantes ouvidos por O MIRANTE.Alguns explicam que chegaram a estar impedidos de entrar nos seus estabelecimentos. Na rua Direita, há mais de uma dezena de espaços comerciais, uma clínica com análises e um centro de reabilitação, frequentados por doentes e idosos. Impedidos de descarregar à porta das lojas, alguns comerciantes são obrigados a um esforço redobrado para carregar barris de cerveja, latas de tinta, móveis ou electrodomésticos. “Não temos condições para trabalhar”, lamentam dois jovens empresários que exploram dois bares na rua.Loja aberta dois mesesAlguns comerciantes não resistiram e já fecharam as portas. Uma família investiu 50 mil euros numa loja de roupas para criança. O estabelecimento abriu em Junho e dois meses depois fechou portas porque não tinha condições para receber os clientes, maioritariamente mães com crianças pequenas e carros de bebé.“As pessoas corriam riscos cada vez que se deslocavam à minha loja. Não tinha condições e resolvi fechar até que concluam os trabalhos”, disse a comerciante.A proprietária escreveu várias cartas à presidente da câmara, mas só à terceira (registada e com aviso de recepção) recebeu uma resposta que considerou “vazia”. A missiva dava conta que todos os comerciantes tinham sido notificados para uma reunião com a autarquia, mas a comerciante garante que nunca foi notificada. “Soube das obras pelos vizinhos e quando estavam a montar o estaleiro”, referiu. Na rua Direita, vários comerciantes queixaram-se “da falta de informação e da arrogância da câmara”. Mas são poucos os que querem dar a cara com receio de consequências. “A câmara tem a faca e o queijo na mão”, disseram. Os proprietários do Restaurante “O Forno” admitem vir a pedir à câmara uma compensação pelos prejuízos causados, mas querem fazê-lo pela via do diálogo.Terminadas as obras podem surgir novos conflitos. É que a retirada do trânsito de algumas ruas do centro histórico não agrada a todos os comerciantes e alguns afirmaram que pode ser o fim dos seus negócios.Nelson Silva LopesObras irão prolongar-se até Abril de 2005Câmara justifica atrasosA Câmara Municipal de Vila Franca de Xira prevê que as obras da segunda fase que respeita à intervenção desde o cruzamento da Rua Armando até ao Páteo da Galache, e inclui a Rua Direita, estejam prontas até ao final do ano. Num documento enviado a O MIRANTE, a autarquia justifica os atrasos com trabalhos imprevistos a nível da substituição de infra-estruturas e trabalhos executados pela EDP.Quanto às obras de pavimentação nos largos Miguel Esguelha e da Misericórdia e até ao Páteo da Galache, a câmara prevê que fiquem prontas em Abril de 2005.A autarquia lamenta os atrasos e apela à boa compreensão de comerciantes e moradores.
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