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Máquina de imperial no balneário do árbitro

Atlético de Pernes denuncia anomalias no jogo com o Juventude de Lapas

O Atlético de Pernes enviou uma exposição à Associação de Futebol de Santarém a denunciar situações irregulares, nomeadamente a existência de uma máquina de imperial no balneário do árbitro num jogo realizado em Lapas. O clube visado confirma a presença da máquina no balneário mas diz que só lá se encontrava porque estava a chover e o bar não tem condições.

A direcção do Atlético Clube de Pernes (ACP) denunciou à Associação de Futebol de Santarém (AFS) que no jogo que a sua equipa de juvenis disputou no terreno do Juventude de Lapas, a contar para o campeonato distrital da categoria, havia uma máquina de imperial no balneário do árbitro.“No balneário do árbitro estava instalada uma máquina de imperial e existiam garrafas que nos pareceram ser de vinho”, pode ler-se numa exposição à AFS assinada pelo presidente do clube, Manuel Rafael Vieira Batista, a que O MIRANTE teve acesso.No mesmo documento é referido que um director do Juventude de Lapas pediu algum tempo ao árbitro para retirar do balneário todo esse material, alegando que tinha existido uma actividade do clube e não tinha havido tempo útil para retirar do balneário todo aquele material.O árbitro terá respondido que não era necessário, mas enquanto decorria o jogo, várias pessoas entravam e saiam do balneário, servindo bebidas a espectadores, tendo mesmo oferecido uma imperial a um colaborador do Atlético Clube de Pernes.A situação já era suficientemente esquisita mas, como se isso não bastasse, segundo os directores do ACP, durante o jogo houve uma estranha relação de proximidade entre o árbitro e os jogadores da casa. “Já a época passada, o Atlético Clube de Pernes verificou que quem se sentava no banco e dava instruções à equipa era um árbitro em actividade, podendo prová-lo através de fotos tiradas em Pernes”, acrescenta-se no comunicado.Os directores do clube de Pernes compreendem que os agentes desportivos, incluindo os árbitros, colaborarem com o clube da sua terra, mas não admitem que a proximidade desses agentes com outros da arbitragem, conduzam à violação dos regulamentos e à existência de comportamentos que levantam suspeitas relativamente a eventuais compadrios.Prometendo que o clube não se calará, a bem da verdade desportiva e da lisura de comportamentos, os responsáveis do ACP pedem à Associação e Futebol de Santarém “uma acção mais rigorosa no acompanhamento dos clubes, sobretudo em dias de jogos” e lamentam “que toda a gente se queixe, mas que ninguém denuncie essas situações”.Lapas indignadoA direcção do Juventude de Lapas ficou indignada com as suspeitas levantadas pelos responsáveis do Atlético de Pernes. “Somos um clube pequeno mas honesto”, começou por dizer Eurico Vieira, presidente do clube do concelho de Torres Novas, quando questionado por O MIRANTE.O dirigente confirma que a máquina de imperial estava dentro do balneário do árbitro, mas esclarece que isso acontece sempre antes dos jogos, uma vez que o bar do clube é ao ar livre e no campo não existe outro local para a guardar durante a semana.“Quando fomos para retirar a máquina do balneário os árbitros já lá se encontravam e como estava a chover e provavelmente não se ia vender nada expliquei-lhes a situação e perguntei se a máquina podia lá ficar. Eles responderam que não havia problema, desliguei-a e fui-me embora”, explicou Eurico Vieira.Entretanto, segundo o mesmo dirigente, com o jogo a decorrer, o colaborador do clube que normalmente ajuda no bar e que não sabia desta conversa, foi ao balneário e tirou quatro imperiais, duas para responsáveis do Juventude de Lapas e outras duas para colaboradores do Atlético de Pernes que estavam junto ao balneário.Avisado de pronto, o colaborador do Lapas fechou a porta do balneário e não foi servida mais nenhuma imperial, garante Eurico Vieira. “É mentira que tenha havido uma romaria para o balneário. A polícia estava lá e vou apresentá-los como testemunhas para eles confirmarem se foi isto ou não que aconteceu”.Quanto à alegada proximidade entre responsáveis do Lapas e outros árbitros, o presidente do clube do concelho de Torres Novas confirma que há três árbitros que são directores do clube, mas nega que exerçam qualquer tipo de influência junto dos outros árbitros.“Eles são colegas uns dos outros e é normal que se falem. Ainda em Amiais houve um deles que foi ao jogo e esteve a falar com os colegas e nós perdemos por 6-0. Se eles fossem lá para exercer qualquer tipo de influência não estávamos no lugar que estamos”, acrescentou Eurico Vieira.Sem se deter, o presidente do Juventude de Lapas recorda que o jogo da primeira volta entre as duas equipas não teve equipa nomeada e foi apitado por três pessoas de Pernes. “E ao intervalo houve pessoas de Pernes que foram ao balneário mas eu não vou dizer que foram pressionar os árbitros. Eu até admirei a coragem deles para desempenharem aquele papel porque não é fácil ser árbitro”.“Nós estamos aqui para educar homens para o futuro e isto não ajuda nada”, reforça Eurico Vieira, concluindo que bem mais grave do que esta situação é o comportamento do treinador do Pernes, que durante os jogos “chama tudo” aos árbitros, comportamento que se reflecte na postura dos miúdos.

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