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Uma universidade para cães e donos

Em Almeirim um treinador ensina os animais a portarem-se bem

A Universidade Canina de Almeirim, criada há poucos meses, quer tornar os cães mais educados. E os donos mais conscientes das suas responsabilidades.

Adriana Reis tenta dominar o possante pastor alemão com pouco mais de um ano de idade. É um cão conflituoso. Tão depressa está sossegado como desata a ladrar e a atirar-se aos seus companheiros de curso. O Max, como se chama o animal, não dá descanso à dona e por isso ela decidiu entrar no projecto da Universidade Canina de Almeirim (UCA). Trata-se de um programa de treino para cães. Para lhes criar hábitos, para os ensinar a obedecer e a cumprir tarefas com prazer. Os donos vão junto e aprendem a lidar com os animais. Todos os domingos, às dez da manhã, o gosto e o prazer de ter um animal “sociável” leva meia dúzia de proprietários de canídeos ao espaço do Parque da Zona Norte da cidade.A dona do Max, residente em Santarém, já tinha passado por escolas caninas da zona de Lisboa. Mas rendeu-se ao método do treinador Vítor Francisco. “É um treino integrado em que os cães aprendem a respeitar-nos e nós aprendemos mais sobre o comportamento deles”, sublinha segurando com firmeza a trela. “Não quero ter um cão assassino”, acrescenta.No espaço de terra batida o treinador de Alpiarça, que teve formação na Escola de Cães Guia (para cegos) de Mortágua, durante 3 anos, vai dando as ordens. O cão tem que caminhar ao lado da perna do dono. Se andar a correr à frente, puxando a trela, é ele que domina. É ele que passeia o dono e não o contrário. A altura ideal para começar o treino é quando o canídeo tem entre 4 e 6 meses de idade.O Sid mostra-se atento e colaborante, apesar de já não estar na idade ideal para mudar costumes. Mas como revelou boas aptidões este cão de fila de S. Miguel está a evoluir. Está mais calmo. Quando a dona, Ana Ribeiro, que tem 14 cães em casa, o manda sentar ele obedece sem rosnar. Vítor pede aos donos para fazerem vários exercícios, como ordenar aos respectivos cães para ficarem deitados.Os cães não aprendem a ler ou a escrever, a ajudar velhinhas a atravessar a estrada, mas ficam aptos para evitar alguns perigos, como o de serem envenenados. O treinador faz o teste. Agarra num osso e tenta dá-lo aos cães alinhados lado a lado e seguros pelos donos. Sid tem a lição bem estudada e recusa sequer cheirar. Nem a língua põe de fora. O parceiro do lado cai em tentação e recebe um puxão e um “não” autoritário. Para que os animais não façam o que está errado a forma que existe é a de associar o que está errado a algo desagradável. Se o cão tentar, por exemplo, comer o osso, recebe um puxão na coleira. O dono deve também dizer com uma voz grave e firme a palavra “não”. Ou senta, para sentar; ou fica, para não avançar. O que é bastante útil para evitar que o cão atravesse a estrada para ir ter com o dono que está do outro lado correndo o risco de ser atropelado. Mas para isto tudo é preciso haver sintonia entre o fiel amigo e a pessoa. É também necessário, cada vez que o cão executa bem as tarefas, recompensá-lo com palavras de estímulo, com carinhos e brincadeiras. A UCA não inventou nenhum método de treino, mas colocou em prática uma nova filosofia que é pioneira na região. A de treinar cães com a participação dos donos que terão de diariamente, durante um tempo livre, continuar os ensinamentos em casa. Um cão bem treinado pode ser muito útil. Pode por exemplo ir buscar o jornal do dono e levá-lo ao sofá onde está sentado para começar a ler. Pode ajudar a levar, na boca, um saco com compras. E, ao contrário do que se possa imaginar, diz Vítor Francisco, o cão vai fazê-lo com prazer. E fica feliz por agradar ao dono.

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