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Advogados exaltados durante o julgamento

Caso de alegado assédio sexual do ex-vereador António Fidalgo caminha para o final

A poucas sessões do final do julgamento do ex-vereador da Câmara de Tomar António Fidalgo, acusado de coacção sexual, é evidente o nervosismo expresso em cenas de desentendimentos entre advogados de defesa e de acusação.

A tensão tem vindo a aumentar à medida que se aproxima do fim o julgamento do ex-vereador da Câmara de Tomar, António Fidalgo, acusado de coacção sexual por quatro funcionárias. A relação entre o advogado de duas das assistentes, Vítor Rodrigues, e o advogado de defesa, Manuel Antão, azedaram em plena sessão de julgamento. Vítor Rodrigues, em jeito de aviso, chegou a dizer: “Não me faça perder a cabeça”. O momento de exaltação deu-se após Vítor Rodrigues ter questionado a antiga secretária do vereador, Carla Mourão (que trabalhou na autarquia entre 2002 e 2003), sobre a forma como tinha sido contratada, tendo a testemunha dito que tinha sido convidada por António Fidalgo. Nessa altura interveio Manuel Antão, perguntando se o colega não sabia que o cargo de secretária era de nomeação pessoal.Vítor Rodrigues não gostou da observação e em tom visivelmente irritado começou a atacar o advogado do vereador, chegando a comentar a forma como este se ri. “Quanto a esse riso sarcástico guarde-o lá para Lisboa”. Enquanto os juízes tentavam acalmar a situação, Manuel Antão ainda respondeu em tom irónico que “quando se cultiva o humor dá-me vontade de rir”. Aparte este episódio de nervosismo a sessão do julgamento foi pródiga em contradições e desconhecimento de factos concretos. Leonor Correia, mãe de uma das queixosas, ouvida como testemunha no processo cível, disse ao tribunal que a filha deixou de ter alegria e que andava muito deprimida quando alegadamente aconteceram os factos. Disse também que a filha aguentou a situação desde 1999, altura em que terá começado o assédio, até Fevereiro de 2003 quando entrou a queixa no tribunal, porque tinha vergonha. E declarou que ela não tinha medo de ser “despedida”, mas em contrapartida temia ser transferida para outro serviço. A declaração deixou o colectivo intrigado. O juiz presidente, Vítor Amaral, chegou a comentar que “o mal maior (sair do emprego) ela não temia, mas temia os males menores”. Situação que a testemunha esclareceu com o facto da filha gostar do trabalho que fazia e das pessoas com quem trabalhava. A perplexidade de Vítor Amaral ficou evidenciada no comentário que fez de seguida: “… se ela mudasse de local deixava de estar na dependência do vereador”. Carla Mourão, ouvida em último lugar, garantiu ao tribunal que no tempo em que trabalhou no gabinete do vereador nunca presenciou nada de anormal. E tal como já tinham declarado outras testemunhas, afirmou que António Fidalgo era muito exigente em termos de trabalho. “Quando o serviço não corria bem ele exaltava-se”, salientou. Após esta sessão do julgamento, que começou em Março, o tribunal prevê concluir a audição de testemunhas no final de Fevereiro, seguindo-se as alegações finais. Até lá estão marcadas audiências para os dias 10 e 31 de Janeiro e para 21 de Fevereiro.

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