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Cine-Esplanada foi abaixo

Cine-Esplanada foi abaixo

Sentimento de nostalgia tomou conta dos habitantes de Tomar que passavam pelo local

As máquinas da construtora Aquino & Rodrigues entraram na quinta-feira em acção e começaram a demolir o Cine-Esplanada de Tomar. Um sentimento misto, de nostalgia e revolta, tomou conta dos munícipes que por ali passavam.

“O meu nome não interessa. A notícia aqui é isto”, dizia na sexta-feira um morador de Tomar, apontando para a máquina que continuava a revolver pedaços de cimento e tijolo, resquícios do Cine-Esplanada de Tomar que, durante anos, foi o espaço privilegiado dos cinéfilos do concelho.A demolição apanhou todos de surpresa, serviços camarários incluídos. O MIRANTE apurou que o serviço de animação cultural soube que o Cine-Esplanada começava a ser demolido naquele dia quando, na quinta-feira de manhã, um funcionário da construtora Aquino & Rodrigues solicitou àquele serviço as chaves do espaço para o demolirem.Avisado em cima da hora foi também um responsável do Grupo Desportivo da Nabância, cuja equipa de canoístas guardava ali as canoas. “Era preciso fazer isto assim, tão à pressa?”, questionava quem na sexta-feira assistia ao retirar do entulho.No espaço, situado junto às velhas piscinas e paredes meias com o rio Nabão, os serviços ainda tinham lá instalado o projector, bobines de filmes e toda uma panóplia de equipamento que serviu, neste Verão, para dar cinema aos tomarenses, no âmbito do projecto “Noites quentes à fresca”. O conde de Monte Cristo, passado a 25 de Agosto, foi o último filme que os amantes de cinema puderam assistir no Cine-Esplanada.Mas houve dois privilegiados. Jaime Rodrigues e António Mateus, responsáveis pelo cinema ao ar livre de Tomar, quiseram despedir-se do espaço à sua maneira. Antes de desmontarem o velho projector, passaram numa parede interior, alguns traillers (resumos de filmes).Uma projecção a dois que acabou com o último filme protagonizado por Matt Damon, intitulado “Supremacia”. Supremacia foi o que a Câmara de Tomar demonstrou perante a insistência da oposição em deixar de pé o Cine-Esplanada.É verdade que o espaço esteve abandonado nos últimos tempos. É verdade que há muito que se sabia que iria ser demolido. Só não se sabia o dia. O momento exacto. E quando isso aconteceu, de rompante, a nostalgia tomou conta de muitos, que recordam o tempo em que o Cine-Esplanada enchia para filmes a preto e branco. Ou para concertos com gente conhecida, como o ali dado por Maria João Pires e Mário Laginha.O executivo camarário tem uma visão mais pragmática. Refere que o espaço está inserido no Programa Polis, que abrange toda a zona envolvente ao estádio municipal, e que para ali está previsto uma praça aberta, de interligação entre o rio e a comunidade.Além disso, na última reunião de câmara o presidente relembrou que o novo projecto foi aprovado por maioria (embora com os votos contra do PS) e afirmou a sua convicção relativamente à aceitação do projecto por parte dos munícipes. “As alternativas de utilização da nova praça vão ser bastante interessantes e tenho a certeza que as pessoas vão rever-se no projecto”, justificou António Paiva.Quem não parece ser da mesma opinião é o Bloco de Esquerda, que informalmente convocou os munícipes a manifestarem-se junto ao local, no dia de Natal, lançando pétalas ao rio, em memória dos tempos de glória do Cine-Esplanada.Margarida Cabeleira
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