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Quando a melhor prenda é ter saúde

Quando a melhor prenda é ter saúde

O MIRANTE visitou os três hospitais da região em vésperas de mais uma quadra festiva

Nos serviços de pediatria dos três hospitais da região tenta-se aliviar a dor de crianças e dos pais que as acompanham com enfeites de Natal. Nesta época de festa, a angústia e a preocupação substituem-se à azáfama das compras, aos preparativos dos festejos.

Quando se abre a porta encarnada da pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira saltam à vista os votos de “Feliz Natal” desenhados na parede ao fundo do corredor. No tecto foram penduradas bolas vermelhas e uma estrela prateada. Na enfermaria, Hélia Fonseca só pensa em sair do hospital com o filho antes da noite em que se comemora o nascimento de Jesus. Nem as luzes que piscam no pinheiro artificial na sala de convívio lhe tiram a angústia de ver o filho doente. Hélia Fonseca passa os dias e as noites ao lado do filho de dois anos. Dorme no hospital desde o dia 11. Sente-se cansada. Mais ainda por se estar na época natalícia, que faz o coração ficar mais mole. Que amplia os sentimentos. “Custa sempre estar no hospital e nesta altura ainda é mais difícil”. Até para quem está habituada a hospitais como é o seu caso, já que é enfermeira no Hospital de Santarém. As compras, os presentes para a família e amigos e a preparação da ceia de Natal são coisas em que Lizete Silva, de Foros de Salvaterra de Magos, pôs para trás das costas quando teve que levar o filho às urgências pediátricas de Santarém. O Gonçalo, 3 anos, caiu no jardim-de-infância e passou a sexta-feira em observação na unidade hospitalar.No quarto de tons branco e verde alface da Pediatria de Torres Novas, João Pedro entretém-se a jogar um jogo na consola que levou de casa. A mãe, Florbela Fanha Vieira, do Entroncamento, passou a ir “morar para o hospital”. “A maior prenda é o meu filho sair do hospital o mais rápido possível”, diz quando lhe perguntam como vai ser o Natal.Florbela teve que pedir a ajuda dos amigos para comprar alguns presentes que quer oferecer. “Só quem está no hospital a acompanhar um filho doente é que sabe o que custa. É nesta altura que nos lembramos mais dos outros, pensamos mais no sofrimento, na vida”, como diz Ana Ferreira que está há mais de uma semana na unidade de Torres Novas e arrisca-se a passar a noite de Natal na pediatria. O filho de Ana Ferreira, de Atouguia, concelho de Ourém, entrou no hospital com febre e vómitos. O bebé de um mês e meio teve alta na quinta-feira, dia 16, mas não foi para casa porque a mãe ficou internada na mesma data. Apareceu com um joelho inchado e o médico entendeu que devia ficar em observação enquanto se descobria o problema.Mãe e filho partilham um dos quartos da pediatria de Torres Novas onde existem 18 camas. Da janela da pequena divisão onde cabem duas camas consegue ver os pinheiros e “Pais Natal” de cartão recortado a balouçar do tecto do hospital. É nessas alturas que começa a pensar que este ano vai ter “um Natal atrapalhado”. O que mais lhe custa é não poder estar com a família. “Sinto uma grande tristeza”. Mas apesar de todos os azares, da dor da doença, Ana Ferreira ainda consegue arranjar boa disposição para dizer que a única coisa boa por estar no hospital é que “não gasta dinheiro em prendas”.Susana Neves já tem experiência destas coisas. Há sete anos quase que passava o Natal com o filho no Hospital de Vila Franca. Saiu em cima da data, mas mesmo assim ainda teve que recorrer à urgência no dia 25. “Com a aflição, com a preo-cupação que temos em ver os filhos bem, até nos esquecemos que é Natal”, conta. Esta mãe de Samora Correia (Benavente) está de novo na unidade de Vila Franca com o seu segundo filho, o Guilherme, de 3 anos, com problemas respiratórios. Apesar de centrar as suas forças na recuperação do seu descendente não esconde que se emocionou no dia em que uma pessoa vestida de vermelho e branco entrou na pediatria a distribuir prendas. E nessa altura descobriu que a magia do Natal começa com a saúde.Natal com poucas doenças nas criançasOs serviços de pediatria dos três hospitais da região estão longe de atingir a lotação de internamento de outros anos, por altura do Natal. A explicação deve-se ao bom tempo que se tem feito sentir. As doenças características do Inverno deram descanso aos mais pequenos para viverem o espírito natalício com saúde.Das 18 camas da pediatria de Torres Novas só 13 estão ocupadas com crianças doentes. Em Santarém o movimento também tem sido muito aquém de outras épocas, como o Natal do ano passado. O serviço do Hospital de Vila Franca de Xira, com 19 camas, não tem ido além dos 70 por cento de ocupação.
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