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Dívidas, contradições e outras confusões

Deputado de Tomar entrega à assembleia documento sobre a conta corrente entre câmara e empresas
Mais de três centenas de empresas, de um universo de 1864, receberam mais dinheiro da Câmara Municipal de Tomar do que o valor real das suas dívidas. As “embrulhadas” dizem respeito ao fecho de contas de 2002 e estão relatadas num relatório elaborado pelo deputado da CDU Custódio Ferreira.Há empresas que, alegadamente, receberam três, quatro e cinco vezes mais do que o valor da dívida inscrita no relatório e contas de 2002 da Câmara Municipal de Tomar. Firmas que não constam na conta de gerência, mas às quais a autarquia terá pago, e fornecedores/prestadores de serviços que, em 2003, continuavam à espera do pagamento de dívidas que somavam pouco mais de um euro.Foi este o cenário apresentado na última Assembleia Municipal de Tomar pelo eleito da CDU e presidente da Junta de Freguesia de Paialvo, Custódio Ferreira. Afirmações graves, inscritas num extenso documento a que O MIRANTE teve acesso, sustentadas nos dados (incluindo facturas) solicitados à autarquia pelo deputado, aquando da discussão do relatório e contas de gerência de 2002 e fornecidos mais de um ano depois.Na listagem entregue por Custódio Ferreira a todos os deputados municipais e ao executivo camarário, aparecem discrepâncias difíceis de “engolir”. Empresas que, no relatório de gerência de 2002, aparecem com as contas saldadas (dívida a zero), mas a quem foram pagas determinadas quantias, algumas das quais avultadas.Há empresas cuja dívida inscrita no relatório era de pouco mais de oito euros, tendo a câmara entretanto pago 2.629,71 euros. De acordo com os números constantes no relatório de Custódio Ferreira, feito com base na documentação fornecida pelo próprio município, verifica-se que a câmara pagou mais do que a dívida registada na conta de gerência de 2002 a algumas empresas, enquanto a outras foi apenas paga parte do montante em falta e a outras nada foi pago.“Ele pode ter uma certa razão”O deputado municipal refere no documento que o valor pago a mais pela autarquia ultrapassou os três milhões de euros. Um valor que o vereador da câmara com o pelouro financeiro rejeita completamente.Carlos Carrão (PSD) admite até que o deputado municipal possa ter “uma certa razão” se os resultados a que chegou disserem apenas respeito às facturas das empresas referentes a 2002. “Já dei indicações ao chefe da divisão financeira para averiguar essa questão”.Segundo o vereador, até há uns anos atrás os serviços da câmara trabalhavam muitas vezes com facturas provisórias. Os funcionários iam comprar material a fornecedores sem levar a respectiva e necessária requisição do município. Quando a factura aparecia já não se sabia qual o bem ou serviço a que respeitava a dívida.Carlos Carrão admitiu também haver naquela altura (2002) nos serviços caixotes com requisições sem as correspondentes facturas e, por isso, assume que houve dívidas que não foram contabilizadas para o orçamento e conta de gerência desse ano. “Mas nunca nos montantes que fala Custódio Ferreira”, garantia, adiantando que segundo as suas contas o valor ronda os 250 mil euros. O autarca garante que a si-tuação está, actualmente, estabilizada e que todas as dívidas a fornecedores e empreiteiros contraídas até final do ano passado estão saldadas. “Actualmente, as dívidas do município para com empreiteiros e fornecedores somam quatro milhões de euros”, finaliza Carlos Carrão.Margarida Cabeleira

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