uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Até a esperança se perdeu

Até a esperança se perdeu

Habitantes de Casais Formigos, no Entroncamento, cansados de esperar pelo saneamento básico

Os habitantes de Casais Formigos vivem há anos a reclamar pelo saneamento básico. O problema já motivou os protestos da população, que entretanto perdeu a fé na resolução do problema. A questão é complicada e deve demorar a ser resolvida.

“Se estivéssemos no Verão não se podia parar aqui com o cheiro”, diz Manuel Morgado, habitante de Casais Formigos há mais de 20 anos, sentado na esplanada do café mais próximo da sua habitação. O morador já perdeu a esperança de ver instalado o saneamento básico naquele bairro de vinte e poucas vivendas, situado à entrada da cidade para quem vem de Torres Novas pela EN 3.Há uns anos a população juntava-se para protestar e foi várias vezes à câmara para tratar do assunto, mas não conseguiu nada. “Com este presidente ainda não pedimos nenhuma reunião, mas com o anterior eu nem sei quantas vezes lá fomos”, acentua Fernando Guia, outro dos moradores com quem O MIRANTE falou.O bairro nasceu sem planos de urbanização. As moradias foram sendo construídas nos pedaços de terra herdados ou comprados e cada um dos proprietários construiu a sua fossa séptica. Pagam a taxa de saneamento junto com a factura da água e sempre que precisam de despejar as fossas contactam os serviços camarários. O trabalho não acarreta mais nenhum ónus mas o tempo de espera é razoável - dois ou três dias.“Mas no meu caso, o tractor não pode lá ir”, atalha Manuel Morgado. A solução deste munícipe é abrir o esgoto, misturar os efluentes com a água do lago que tem no quintal e deixar correr para as laranjeiras. “Estamos meio desprezados”, opina Maria Moreira Campos, outra moradora que, além da falta de saneamento, tem outras críticas a acrescentar. “O presidente mandou papéis para as caixas de correio a dizer para cortarmos as silvas e limparmos os quintais, mas nas estradas deles não fazem nada, nem limpam as valetas”, afirma apontando como exemplo a estrada de Casais Formigos para a zona industrial, bordejada de canas.A parte mais antiga de Casais Formigos e Foros da Lameira são as duas zonas do Entroncamento que ainda não têm saneamento básico. Luís Boavida (PSD), vice-presidente da autarquia, reconhece o problema mas adianta que a solução é bastante difícil.No anterior mandato, liderado pelo socialista José Cunha, os serviços camarários começaram a fazer um estudo prévio, já concluído, tendo em vista a elaboração de um plano pormenor para a zona que, presentemente, está parado.“Não faz sentido executarmos planos de pormenor quando está em curso a revisão do Plano Director Municipal (PDM)”, esclarece Luís Boavida. Mas há mais problemas. Segundo o autarca, muitas das condutas terão de ser instaladas em terrenos privados e “nunca se conseguiu o entendimento com os proprietários”. Por outro lado, o futuro plano de pormenor contempla também a alteração de algumas vias rodoviárias e a construção de uma rotunda, à beira da Estrada Nacional 3, que entra em terrenos do Ministério da Defesa. “O processo de desclassificação da EN-3 em toda a extensão do troço que atravessa o concelho está em curso e com a Ministério da Defesa também tem havido negociações”, continua Luís Boavida.No meio deste emaranhado, uma única coisa está definida. Os esgotos de Casais Formigos serão canalizados para a ETAR compacta, construída perto da zona industrial, que recebe também os efluentes da nova urbanização deste bairro. Só não se sabe quando.Envolvendo tanta negociação, Casais Formigos não deverá ter saneamento básico nos tempos mais próximos. Manuel Morgado poderá ter alguma razão quando diz que já perdeu a esperança de ver resolvida a situação. A solução será continuar a regar as laranjeiras com os esgotos diluídos na água do lago.Margarida Trincão
Até a esperança se perdeu

Mais Notícias

    A carregar...