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Bombeiros a tempo inteiro

Vila Franca vai ter seis grupos de primeira intervenção

Quatro corporações do concelho já têm bombeiros a tempo inteiro. Alverca e Vila Franca estão a preparar a implementação do Grupo de Intervenção Permanente. Os GIP vão custar 252 mil euros por mês e serão suportados pela autarquia.

As seis corporações de bombeiros do concelho de Vila Franca de Xira vão ter Grupos de Intervenção Permanente (GIP). Quatro GIP entraram em funcionamento no início do mês nas corporações de Alhandra, Castanheira do Ribatejo, Póvoa de Santa Iria e Vialonga. Mais tarde começam a funcionar em Alverca e Vila Franca de Xira, onde decorre o processo de recrutamento de candidatos.Cansada de esperar pelo apoio prometido pela administração central, a Câmara decidiu avançar por sua conta e risco e aprovou por unanimidade o protocolo que viabilizou a criação dos GIP. A medida vai custar 252 mil euros mensais. Cada corporação recebe cerca de 42 mil euros, durante 14 meses, destinados a pagar os honorários porque a segurança social será assumida pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).Os grupos são formados por cinco bombeiros que foram recrutados entre os voluntários inscritos em cada associação. Os bombeiros vão ter de cumprir um horário de 40 horas semanais, adaptado às necessidades de cada corpo activo. Cada elemento receberá em média um subsídio de 600 euros pelo serviço prestado e continuará a cumprir as suas escalas como voluntário.O coordenador operacional dos bombeiros no concelho e comandante dos Bombeiros Voluntários de Alhandra, Jerónimo Caetano, disse a O MIRANTE que foi dado um passo importante, mas lamentou a falta de apoio do Estado para que os grupos pudessem alargar o horário da sua intervenção. “Tapa a lacuna e aumenta a eficácia durante o dia, mas não resolve todos os problemas”, disse.Os critérios de selecção dos bombeiros tiveram em conta a sua formação de modo a que fossem escolhidos os mais aptos para as situações de emergência mais frequentes e que são os acidentes rodoviários e as emergências pré-hospitalares. Mas todos os escolhidos têm formação no combate a incêndios.A oposição aplaudiu a iniciativa da Câmara e congratulou-se com o reforço da eficácia dos bombeiros. Rui Rei (PSD) considerou que a decisão pecou por ser tardia e lembrou a sua insistência na necessidade de avançar com os GIP, mesmo sem o apoio do Estado. “Há dois anos que falo nisto e a câmara teve sempre os mesmos argumentos para adiar. Mais vale tarde que nunca”, concluiu.José Neves (CDU) vincou o mérito da iniciativa, mas alertou para o facto da Câmara estar a assumir responsabilidades que não são suas. O vereador defendeu uma reflexão sobre a necessidade de concentrar os meios para conseguir uma economia de escala. “Ter seis grupos de cinco bombeiros, não é a mesma coisa que ter um corpo de 30 elementos”, referiu. “Espero que não apareçam novas corporações no concelho”, ironizou.A presidente da Câmara reconheceu que a dispersão de meios pelas seis corporações não é benéfica e defendeu as vantagens da concentração. “Não temos condições para ter seis corporações só com profissionais”, disse. Maria da Luz Rosinha confessou que o diálogo com as associações não tem sido fácil.O comandante operacional considera que o concelho tem corporações a mais e bombeiros a menos. “Se houvesse só dois corpos de bombeiros, estaríamos mais bem servidos e teríamos mais eficácia”, defendeu.Jerónimo Caetano aponta o caminho da criação de um Centro Municipal de Operações de Socorro que trabalhe em articulação com o Serviço Municipal de Protecção Civil e com os bombeiros. O responsável operacional considera que o futuro dos bombeiros depende do apoio que vier a ser dado pelo Governo através do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).Governo adiou apoios aos GIPRecorde-se que em 2002 foi feito um projecto-piloto para a instalação de Grupos de Intervenção Permanente em corpos de bombeiros voluntários. O objectivo era aumentar a operacionalidade dos quartéis com grupos de profissionais de 5, 7 ou 9 elementos conforme a dimensão do concelho e da corporação. Vários corpos de bombeiros da região manifestaram o interesse de receber um destes grupos. Mas nenhum foi instalado. Na zona da Grande Lisboa foram constituídos alguns, mas com as câmaras a suportarem os custos em exclusivoO programa de candidatura previa que os encargos respeitantes à instalação dos GIP eram assegurados pelo SNB e pela autarquia. A cláusula primeira do modelo de protocolo para a criação destas estruturas previu que a sua missão seria o combate a incêndios, socorro às populações (em caso de inundações, desabamentos e em todos os acidentes ou calamidades), socorro a náufragos e a sinistrados e doentes, incluindo a urgência pré-hospitalar. Os elementos do GIP podiam ainda desenvolver acções de formação interna e limpeza e manutenção de equipamentos.O actual secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna prometeu estudar uma solução para os GIP, mas Paulo Pereira Coelho vai deixar o Governo e o projecto fica na gaveta.Nelson Silva LopesConcelho tem cinco auto-escadasUm exemplo de desperdício?O concelho de Vila Franca de Xira tem cinco auto-escadas, viaturas especializadas para o acesso a prédios de quatro ou mais pisos. Só a corporação de Alverca ainda não tem auto-escadas.Em Alhandra, Póvoa de Santa Iria e Vila Franca, as viaturas custaram 300 mil euros (60 mil contos) e foram comparticipadas pelo Serviço Nacional de Bombeiros. O comandante de Alhandra, Jerónimo Caetano explicou que em média registam mais de 50 saídas anuais, mas há auto-escadas com menos utilizações incluindo as saídas para situações que não são de emergência como lavagem, ou montagem de estruturas em monumentos ou equipamentos.As viaturas mais modernas atingem mais de 30 metros de altura e conseguem chegar ao oitavo andar, mas com grandes dificuldades de aproximação. São viaturas de grande dimensão e tem dificuldade de acesso em algumas urbanizações. Em Vila Franca de Xira, Alverca e Póvoa há várias urbanizações onde o auto-escadas não entra.O vereador Rui Rei (PSD) defendeu que a Câmara deve fazer um levantamento dos meios existentes e só deve apoiar a aquisição de viaturas que sejam necessárias e que possam actuar em complementaridade em todo o concelho. A presidente Maria da Luz Rosinha reconheceu que a reflexão é oportuna, mas disse que cabe ao Governo definir a política de apoios através do SNBPC porque a aquisição de algumas viaturas é financiada pela administração central. “É muito difícil gerir estas situações”, concluiu a autarca.Pedro Lopes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira concorda com a distribuição rigorosa dos apoios, mas não aceita que se fale em esbanjamento de dinheiro nos bombeiros. “Comparado com o que se gastou nos estádios de futebol ou nas mordomias dos políticos, estas verbas não têm significado”, frisou.

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