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Piloto na reserva aposta na produção

Em Santa Margarida, Constância
Com ramos de ervas de cheiro e molhos de agriões de ar apetitoso, João Dias não perde uma iniciativa do Parque Ambiental de Santa Margarida (Constância) para promover a sua produção de agricultura biológica.A poucos metros do Parque, este piloto da Força Aérea na reserva decidiu, há pouco mais de um ano, tornar fértil um solo inculto há 20 anos que herdou do avô, um hectare de terreno onde deu início a um dos sonhos da sua vida, ser agricultor.Sendo apenas um curioso, seguiu o conselho de um dos maiores produtores de agricultura biológica do país, Vasco Pinto, de S. Pedro do Sul, que numa visita ao seu terreno não hesitou em recomendar a sementeira de agriões, dada a abundância de água.João Dias bateu, numa das semanas de Dezembro, o recorde na produção de agriões, enviando 41 quilos para a Biocoop, cooperativa que, em Lisboa, escoa grande parte da produção de agricultura biológica do país.Atingindo cerca de uma tonelada de agrião em 2004, João Dias disse à Agência Lusa que 90 por cento da sua produção é canalizada para a Biocoop, fornecendo ainda algumas mercearias e restaurantes da zona, além das trocas com os vizinhos na filosofia do agricultor biológico, de “entrosamento” com as populações e os locais onde produzem.Recorrendo a mão-de-obra familiar, João Dias conta também com a ajuda de vizinhos e amigos, como o senhor Josué, de 80 anos, cesteiro famoso na zona, a quem oferece vime que planta no seu terreno.Associado da Agrobio, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, que lhe dá assistência com deslocação mensal de um técnico que verifica as condições da exploração, devidamente certificada por uma das três entidades certificadoras do país, João Dias disse ter ficado surpreendido com a grande solidariedade que existe entre os produtores de agricultura biológica.Além dos conselhos úteis que recebeu, recentemente um outro agricultor de Almeirim ofereceu-se para transportar a produção que semanalmente encaminha para a Biocoop.“Os nossos produtos são ainda cerca de 20 por cento mais caros no mercado que os da agricultura convencional, mas com o aumento da produção essa diferença tenderá a baixar”, afirmou.Segundo disse, a agricultura biológica não se define apenas pela não utilização de químicos, mas também pela preocupação de manter e melhorar a fertilidade do solo com matérias orgânicas como estrume não contaminado ou adubação verde com sementes e plantas que são depois enterradas.O combate às pragas é feito também com recurso a métodos naturais, como a maceração de plantas (por exemplo urtigas) para depois borrifar a plantação ou a mistura com outras plantas que se protegem mutuamente ou afastam pragas (nomeadamente ervas de cheiro, como alfazema, alecrim ou outras).Uma parte do terreno que está agora a lavrar destina-se a plantar aveia e ervilhaca para fertilizar o solo e num talhão crescem ervas aromáticas para chás e condimentos, estando nos seus planos investir numa estufa para hortícolas.João Dias vai ainda conciliando a sua nova profissão com a antiga, tendo participado, em Maio, numa operação humanitária do Programa Alimentar Mundial para apoio aos refugiados do Sudão.Segundo dados da Agrobio, há já mais de um milhar de agricultores dedicados à agricultura biológica, cujas explorações ocupam mais de 120 mil hectares de solo, um sector, que, ao contrário do convencional, “continua a crescer em Portugal”.Lusa

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