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Ser deputado do país e defender o distrito

Os deputados são eleitos por círculos eleitorais, mas quando chegam à Assembleia da República passam a ser deputados do país. Faz algum sentido que durante a campanha se comportem como se o seu papel futuro seja o de representantes do distrito que os elege? Os participantes no debate acham que é possível conciliar os dois papéis, mas Jorge Lacão (PS) defende que uma melhor representação das regiões só será assegurada com uma alteração da lei eleitoral.

“O sistema tem que permitir que o eleitor, optando pelo partido da sua preferência, possa igualmente fazer um juízo de valor relativamente a candidatos individualizados”, defendeu o candidato que lamentou que na revisão constitucional de 97 essa possibilidade não tenha sido contemplada. “ Este assunto volta a fazer parte do nosso programa. É uma questão fundamental para a regeneração do nosso sistema política”.Luísa Mesquita (CDU) diz que a defesa do distrito de Santarém é sempre possível desde que os deputados não se esqueçam das promessas que fazem enquanto candidatos. “Sabemos bem que, independentemente da nossa eleição ser feita pelo distrito, somos deputados pelo país, mas isso pode ser não impede a defesa da região. O facto de conhecermos a realidade local permite que as propostas relativas à região por onde fomos eleitos tenham uma sustentação teórica mais aprofundada e possam ser melhor defendidas. A questão que se coloca é a de saber quem se esquece no Parlamento do que assumiu no distrito”.A questão da preparação para uma defesa eficaz das questões importantes para o distrito levou Nuno Fernandes Thomas (CDS/PP) a justificar-se e a falar com frontalidade. “Não procurei uma ascendência no Ribatejo, nem sequer para dizer que vinha para cá de pequenino como costumam dizer alguns políticos. Vinha cá ver algumas touradas e a Fátima duas vezes por ano. Estas são as únicas ligações que tenho com o distrito, mas estou a inteirar-me dos problemas e tenho a certeza que me vou sentir como deputado da região”, disse o candidato que também prometeu cumprir o mandato se for eleito e não vier a integrar um futuro governo. O maior ou menor peso político dos deputados nos centros de decisão dos seus partidos e o facto de estes integrarem ou não o governo foi considerada fundamental para uma defesa eficaz da região por Miguel Relvas (PSD). O ex-secretário de Estado da Administração Local aproveitou para realçar a influência que exerceu junto de colegas do governo para desbloquear assuntos que lhe eram apresentados por presidentes de câmara dos diversos quadrantes políticos e não perdeu a oportunidade para provocar o candidato socialista. “É comparar o que fez Jorge Lacão que foi cabeça de lista em várias legislaturas, nomeadamente quando o PS foi poder, entre 1995 e 2002 e o que se fez nestes dois anos. É uma diferença do dia para a noite. Comigo houve vontade de colocar Santarém no mapa. De dar importância a Santarém”. Jorge Lacão (PS) lembrou a Miguel Relvas que quem tem telhados de vidro não deve andar a atirar pedras aos telhados dos outros e recordou dois cabeças de lista do PSD que apesar de terem peso político, não defenderam o distrito. Mira Amaral que resignou ao mandato “porque ser deputado não era suficientemente aliciante para as suas perspectivas de carreira” e Morais Sarmento. “Subiu como um foguete no distrito e agora vai cair desamparado como uma cana num outro distrito”.

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