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Inspector da PJ dirigiu assalto de milhões

Inspector da PJ dirigiu assalto de milhões

Tribunal de Vila Franca adiou julgamento de roubo de camião carregado de tabaco ilegal

Um inspector da Judiciária é acusado de ter usado o carro e a arma da polícia para assaltar um camião carregado de tabaco na Recta do Cabo. Um empresário de Foros de Salvaterra também é arguido no processo que vai ser julgado em Vila Franca de Xira.

Um inspector da Polícia Judiciária, os irmãos Pinto (que se notabilizaram no bloqueio da Ponte 25 de Abril em 1995) e um empresário de Foros de Salvaterra são quatro dos sete arguidos num processo que envolveu um assalto a um camião carregado com 400 mil maços de tabaco ilegal.O julgamento deverá começar no dia 4 de Abril no Tribunal de Vila Franca de Xira, depois de ter sido adiada a primeira sessão, agendada para segunda-feira, 24 de Janeiro. Os factos remontam a 28 de Agosto de 2000 quando um grupo de homens, com idades entre os 35 e os 43 anos, assaltou um camião carregado com 400 mil maços de tabaco ilegal avaliado em cerca de 800 mil euros.O assalto ocorreu na Recta do Cabo, entre Vila Franca e Samora Correia, e, segundo a acusação, foi conduzido pelo inspector da PJ Paulo Simões.O agente, de 36 anos, e os seus aliados simularam uma operação policial. O condutor do carro ligou o pirilampo do Fiat Punto da PJ e o inspector identificou-se e mandou encostar o camião conduzido por Jorge Dias. O motorista (que, alegadamente, desconhecia que transportava tabaco) e a esposa que o acompanhava foram obrigados a entrar na viatura da PJ a pretexto de serem levados para as instalações da polícia. O inspector terá mesmo exibido a arma de serviço. Entretanto, um outro arguido, Emídio Rosa, motorista de 41 anos, levou o camião em direcção ao Porto Alto, onde fez a inversão de marcha e seguiu para Lisboa. Mais tarde o tabaco foi levado em dois camiões para Espanha, numa operação acompanhada por vários arguidos desdobrados em duas viaturas. Os 400 mil maços de Marlboro sem selos fiscais foram vendidos nos arredores de Sevilha. Jaime Pinto, o alegado coordenador do negócio, terá repartido montantes que variaram entre 1,5 e 8 milhões de pesetas pelos comparsas, entre os quais o irmão Mário Pinto e o motorista Rogério Claro.A acusação estima que o grupo tenha lesado o Estado Português e a União Europeia em mais de 666 mil euros referentes a taxas aduaneiras, Imposto Especial Comunitário e IVA.Jorge Firmino, um empresário de 39 anos, residente em Foros de Salvaterra de Magos, é o proprietário do camião assaltado e, alegadamente, terá alinhado na estratégia traçada por Jaime Pinto. Segundo a acusação, o empresário Mário Rui Martins, 38 anos, residente na Póvoa de Santa Iria, terá proposto que Firmino lhe emprestasse um camião para transportar o tabaco ilegal. Este anuiu, mas terá contado tudo a Jaime Pinto. O motorista de Odivelas sugeriu que fizessem o assalto para ficar com o tabaco. É aqui que entra o inspector da PJ, um conhecido dos irmãos Pinto.Segundo o relatório da PJ, o tabaco veio num contentor expedido por comboio de um porto de Barcelona para o terminal da Bobadela. Nos documentos que acompanharam a carga consta que transportava plástico, produto que não necessita de controlo aduaneiro. E na verdade, abrindo as portas só se via tubos de PVC que camuflavam o tabaco ilegal. Esta foi uma das maiores apreensões de tabaco ilegal. O inspector da PJ (que está em liberdade, mas suspenso das suas funções), os irmãos Pinto, o empresário Jorge Firmino e o motorista Emídio Rosa respondem pelo crime de co-autoria em roubo agravado cuja pena vai de 3 a 15 anos de prisão e pelo crime de contrabando qualificado com pena até 5 anos de prisão. Com a excepção de Jorge Firmino, os outros quatro arguidos são acusados de sequestro (de 2 a 10 anos de prisão) e co-autoria de peculato (até um ano de prisão). Rogério Claro está ainda acusado do crime de receptação de produto ilegal. O empresário Mário Rui Martins irá responder apenas por contrabando qualificado e arrisca-se a uma pena máxima de 5 anos de prisão. Os arguidos podem ainda vir a ser condenados por associação criminosa.Neste julgamento estão arroladas 13 testemunhas, cinco das quais são inspectores da Polícia Judiciária.Nelson Silva Lopes
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