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Patrulhas todo-o-terreno

Patrulhas todo-o-terreno

O MIRANTE acompanhou o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR de Vila Franca de Xira

Os militares da GNR que constituem o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente estão preparados para actuar em todo o terreno. Trabalham em sítios quase inacessíveis à procura de “ilegalidades” na área do ambiente.

Pela quarta vez o sargento-ajudante Romão Alves dirige-se a uma casa no centro da vila de Alcoentre. São 14h20 e esta é a primeira paragem da patrulha do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, na segunda-feira, dia 24. Os toques na campainha não são correspondidos. O sargento vai ter que voltar outro dia para notificar o dono da casa onde há meia centena de animais em situação ilegal. No SEPNA, sedeado em Vila Franca de Xira, e que para além deste tem sob a sua alçada o concelho de Azambuja e a zona de Lisboa, existem três queixas sobre o caso. “Já cá esteve o veterinário municipal, o delegado de saúde, o proprietário já foi notificado a retirar as ovelhas e até agora não fez nada”, descreve o sargento que chefia a equipa. A situação é complicada. No terraço do espaço onde está o gado existem cortiços com abelhas. Várias pessoas já foram picadas, entre elas uma criança. O estrume acumula-se no quintal que dá para a rua principal. Os resíduos líquidos correm pela rua. Uma imundície. Um cheiro nauseabundo. “Ainda não foi desta, mas ele não espera pela demora”, sussurra o sargento dando ordens ao condutor para guiar a carrinha todo-o-terreno para outro local. Quando o dono dos animais for identificado vai ser levantado um auto que será encaminhado para a Inspecção-geral do Ambiente e para a Câmara Municipal de Azambuja. Ao volante, o soldado Silva, que entrou para o serviço pelo gosto pela natureza, procura os caminhos por dentro das matas. Os olhos percorrem o verde da paisagem à procura de queimadas ilegais, despejos de resíduos ou até aves feridas. A carrinha avança aos saltos pelas estradas de terra esburacadas. Depois entra-se no alcatrão e segue-se na estrada que liga Alcoentre a Cercal. No banco de trás, o cabo Coelho chama a atenção para o que pode ser um depósito ilegal de terras. Dá-se meia volta e entra-se num terreno por onde se espalham sucatas desordenadamente. A viatura com as cores da GNR e o desenho do lince sobre uma gota de água atravessada por uma espada, que caracteriza este serviço, atravessa-se à frente de um camião. O cabo faz o diagnóstico: “Isto são terras que vêm do aeroporto”. O condutor do veículo é identificado, tal como a empresa para a qual trabalha. Atrás do reboque acumula-se um monte de terra que, afinal, é considerado um despejo de detritos porque inclui bocados de asfalto. Detecta-se que já foram feitos outros despejos que estão a escorregar para uma linha de água. “Há tempos, num terreno aqui ao lado, levantámos seis autos pela mesma situação”, diz o sargento, enquanto o cabo tira fotografias para comprovar o caso. A empresa que fez o despejo arrisca-se a ter que pagar 500 euros, no mínimo, pela descarga. E, como não retirou os detritos, pagará mais 500 pelo seu abandono. O dono do terreno não apareceu. Por isso a equipa vai voltar ao local e a confirmar-se que este não tem autorização para fazer um aterro arrisca-se a pagar mais de 500 euros de multa. Mais grave é o facto de haver óleo derramado pelo solo. Nas sucatas o chão tem que estar impermeabilizado, o que não é o caso. Tiram-se mais fotos para juntar aos autos. A multa pode ir até cerca de 45 mil euros.Ao fim de mais de duas horas de patrulhamento, a equipa, que tem uma formação específica ministrada na Inspecção-Geral do Ambiente, regressa a Vila Franca por caminhos rurais. Em vários sítios detectam-se entulhos no meio dos pinhais. “Às vezes temos que ser uma espécie de furões para apanhar quem faz estes despejos”, diz o cabo Coelho. A imagem da mata da Castanheira é desoladora. “As pessoas tentam livrar-se do lixo em sítios de acesso difícil para não serem descobertos”.
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