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Estudantes brasileiros à descoberta de Portugal

Estudantes brasileiros à descoberta de Portugal

Troca de experiências na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes
Partiram do Brasil convencidos que iam encontrar em Portugal pessoas “fechadas e rudes” a falar um português cerrado. Regressaram com uma imagem totalmente diferente de país, das pessoas e da pronúncia. Maria Hilbert Ribeiro, um dos catorze brasileiros que esteve no nosso país, na ESTA (Escola Superior de Tecnologia de Abrantes) em Janeiro, ao abrigo de um protocolo entre escolas, confessa que ficou surpreendida por ter encontrado “pessoas simpáticas e hospitaleiras”.Maria é aluna da FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura). Com ela vieram outros colegas e alunos da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). E uma professora. Esta foi a segunda vez que a ESTA recebeu estudantes brasileiros. O principal objectivo é a troca de experiências e de conhecimentos. Os visitantes aproveitaram a oportunidade para alargar os seus horizontes culturais sobre Portugal. Apesar de terem realizado, ainda no Brasil, seminários e diversos trabalhos académicos para melhor conhecerem Portugal e os portugueses, a verdade é que a realidade com que se depararam foi bem diferente daquela que encontraram nas pesquisas. Uma coisa é ler sobre gastronomia e outra é provar o sabor da comida. Uma coisa é ver fotos de monumentos e outra bem diferente é visitá-los.Durante a semana era realizado trabalho académico. Os fins de semana foram aproveitados para visitas culturais. O grupo passou por Santarém, Évora, Fátima, Coimbra e Porto. As diferenças entre o que iam encontrando eram comentadas. “O sotaque, como vocês dizem, difere muito de região para região” – constatou Sthefanie Thupy, depois de ter falado com alentejanos, ribatejanos e portuenses. A língua portuguesa acaba por ser um tema dominante. A professora de Filosofia, Zahira Seukic, a única docente que acompanhou os estudantes, defende que os portugueses “falam muito melhor. Têm muito cuidado na construção das frases. No uso correcto da gramática”. Marina Hilbert Ribeiro não parece muito convencida. “Os portugueses falam muito depressa e comem algumas sílabas”. Problemas que não dificultam a comunicação. Nem esses nem outros relacionados com o uso de algum calão. A professora ficou espantada por os portugueses compreenderem e usarem termos como galera ou show de bola! Depois de uma leitura apressada dos hábitos alimentares dos portugueses Sthefanie Thupy, confrontada com o que veio encontrar desabafa: “Afinal, a comida portuguesa não é só bacalhau e azeite”. A aluna da FUMEC não arrisca dizer se a comida brasileira é melhor ou pior que a portuguesa, mas adianta que no seu país a comida é muito mais condimentada. “Nós utilizamos muitas especiarias”. As incursões pela gastronomia ficaram prejudicadas pelo elevado custo de vida em Portugal. Zahira Seukic gostava de ter provado a carne de porco à alentejana ou a feijoada à trasmontana, mas os preços aqui são fogo. Os estudantes frequentaram aulas leccionadas por docentes do Departamento de Comunicação Social da ESTA, sobre o Pensamento Ocidental, a União Europeia, Rádio e Literatura. Desta forma contactaram com o sistema de ensino em Portugal. Daiana Nervo, aluna da UNISC, diz que o nosso ensino “é muito teórico” quando comparado com o brasileiro. “As matérias leccionadas são diferentes. Nós temos uma perspectiva mais prática. Como no ensino anglo-saxónico” – sublinha. A nível da comunicação social também foram notadas diferenças significativas. Alguns estranharam o encontrar muitas notícias, nos jornais que leram, que não seguiam à risca a técnica da pirâmide invertida (segundo a qual os factos são relatados por ordem decrescente de importância) e causou-lhes perplexidade o facto dos noticiários das televisões portuguesas serem muito longos.Por outro lado, esta aluna da FUMEC tem verificado que alguns dos problemas, na área do jornalismo, são idênticos nos dois países. E refere, como exemplo, o facto de, tal como em Portugal, ter sido objecto de discussão no Brasil a criação de uma Ordem de Jornalistas.No fim de Janeiro a comitiva voltou ao Brasil. O Carnaval está à porta e brasileiro que se preze gosta de passar aquela época no seu país. Por causa da animação que segundo os estudantes é “muito fraquinha” em Portugal, e por causa da temperatura. Alguns deles nunca tinham rapado tanto frio. Nesta altura do ano, do outro lado de lá do Atlântico, os termómetros marcam 35 graus. Eliana Cristóvão(Aluna do curso de Comunicação Social da ESTA)
Estudantes brasileiros à descoberta de Portugal

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