uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Empresa de Montalvo contribui para construção de “máquina do tempo”

Empresa de Montalvo contribui para construção de “máquina do tempo”

A Tuboplan produz tubos para a criação de um equipamento europeu que irá recriar o princípio do Universo

Dentro de quatro anos, algures entre a França e a Suíça, vai ser recriado o Universo como era há cerca de 15 mil milhões de anos. O projecto é do Laboratório Europeu de Física de Partículas e conta a preciosa ajuda de uma pequena empresa nacional, sediada em Montalvo.

Na Tuboplan, uma pequena empresa sediada em Montalvo, Constância, 30 funcionários trabalham diariamente na construção de dez por cento de uma máquina que vai, daqui a quatro anos, mostrar como era o Universo há 15 mil milhões de anos. Um projecto ambicioso da União Europeia que já foi posto em marcha numa pequena região entre a França e a Suíça.Desde Fevereiro de 2003 que os trabalhadores da empresa fabricam partes do sistema de refrigeração do funcionamento da máquina, que será instalada a cem metros de profundidade.A máquina, denominada Large Hadron Collider (LHC), é construída em formato de anel, com um perímetro de 28 quilómetros em redor de uma caverna que abriga um detector de partículas de sete toneladas, com a altura de um edifício de cinco andares.O anel é composto por troços simples - que estão a ser produzidos em série por uma empresa francesa - por pontos fixos, barreiras de vácuo, curvas e os chamados steps. Os pontos fixos e as barreiras de vácuo, que fazem a divisão dos vários sectores do anel, estão a ser fabricados pela Tuboplan. No total vão ser ali produzidas 236 peças.Entre dois sectores do anel existem duas barreiras de vácuo fabricadas pela empresa de Montalvo, que criam uma câmara mais pequena, a tal que divide o anel.Cada peça fabricada pela Tuboplan é um protótipo porque é diferente de todas as outras que estão a ser produzidas. São as mais complexas de produzir. Os tubos que estão a ser construídos na empresa de Montalvo têm formas esquisitas, compostos por dois, três ou quatro tubos mais pequenos. Todos os tubos internos são fabricados em inox e os externos levam também um revestimento em carbono. Cada tubagem é selada com um super isolante aeroespacial para evitar que haja transferências térmicas entre elas. Cada tubo vai levar hélio, a funcionar a muito baixa temperatura – dois, 20 e 80 graus Kelvin. Em termos de graus centígrados, a temperatura andará na ordem dos cento e muitos graus negativos. Para se ter uma perspectiva de quão importante é o trabalho da Tuboplan basta dizer que quanto maior for a eficácia das peças ali fabricadas maior será o grau da eficácia do isolamento e da temperatura do anel. E mais perto se ficará da reconstrução do Universo.É por isso que cada peça é testada. Os chamados testes não destrutivos, que verificam se as soldaduras estão isentas de qualquer defeito, depois um teste de pressão e um teste de hélio, que detecta possíveis fissuras e permite garantir a eficácia das peças em funcionamento. Cada tubo que sai da Tuboplan é certificado, em termos de qualidade, pela empresa francesa SNER.Leonel Sousa, director da Tuboplan, faz segredo sobre os números que estão envolvidos neste projecto, referindo no entanto que ele é muito importante para a facturação anual da empresa e representa um terço da sua actividade. Além disso, a integração da Tuboplan trouxe também mais-valias para a região, uma vez que a empresa teve de contratar mais pessoal, dando-lhes formação específica.O início do projectoO primeiro contacto com a empresa de Montalvo aconteceu em 2001, através dos franceses da Air Liquide, que concorreu nessa altura à concepção/construção do LHC O objectivo do LHC é projectar partículas de matéria que compõe o universo em aposições contrárias. Vai fazer a colisão entre protões, à semelhança do LET, que faz já a colisão entre electrões.Criando uma atmosfera de vazio, a muito baixas temperaturas, a máquina acelera as partículas a grandes velocidades. Isto é, a máquina vai fazer colidir dois protões, recuperar as poeiras resultantes dessa colisão e, de acordo com os cientistas europeus, a partir daí recriar-se o que terá sido o início do Universo.Para a construção da “máquina do tempo” a Air Liquide contava com a ajuda de várias empresas de vários países europeus, nomeadamente a Tuboplan. Nessa altura Portugal era considerado um país desfavorecido, uma vez que a sua comparticipação anual para o Laboratório Europeu de Física de Partículas não estava a ter o retorno devido.Ou seja, o que Estado português paga para ser parceiro no projecto da União Europeia não estava até à data a ser compensado por investimento nacional no projecto.Margarida Cabeleira
Empresa de Montalvo contribui para construção de “máquina do tempo”

Mais Notícias

    A carregar...