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IPA investiga destruição de vestígios romanos

IPA investiga destruição de vestígios romanos

Em Tomar

A construção do pavilhão desportivo de Tomar não teve acompanhamento arqueológico durante seis meses, período em que foram feitas as principais escavações do pavilhão. Alguns vestígios romanos podem ter sido destruídos.

O Instituto Português de Arqueologia (IPA) anunciou sexta-feira a realização de um inquérito interno a eventuais danos causados em vestígios romanos no centro de Tomar durante as obras do pavilhão gimnodesportivo, integradas no programa Polis.Segundo Gertrudes Zambujo, da delegação do IPA de Torres Novas, o inquérito foi aberto depois da arqueóloga que está a acompanhar a obra do pavilhão e do parque de estacionamento subterrâneo no centro da cidade não ter sido avisada pela empresa concessionária durante uma fase de escavação, em Junho do ano passado.“Houve uma remoção de terras que não foi acompanhada pela arqueóloga que causou danos nos vestígios romanos”, explicou esta responsável, salientando que as estruturas “apresentam sinais de terem sido cortadas pelas máquinas”.Ao longo dos trabalhos, foram detectados vestígios de estruturas romanas, entre as quais umas termas que a autarquia já anunciou que iria conservar, mas Gertrude Zambujo considera que o processo foi mal conduzido desde o início.“Até Abril do ano passado, a obra não tinha acompanhamento arqueológico” e “podem ter-se perdido coisas”, considerou, adiantando que a maior parte das escavações realizadas sucederam antes dessa data.No total, a obra esteve sem acompanhamento arqueológico durante seis meses, período em que foram feitas as principais escavações do pavilhão e do parque, assinala a responsável, salientando que “era expectável” que fossem encontrados vestígios romanos naquela zona, junto ao rio Nabão.O próprio IPA reconhece a sensibilidade arqueológica da zona, em resposta a esta matéria, salientando que “o vale do Nabão é um vale fluvial que foi muito povoado no Paleolítico Superior, havendo abundantes vestígios desde os terraços fluviais de Santa Cita até às grutas da freguesia de Pedreira, relativamente próximo da fábrica de papel do Prado”.Confrontado com esta situação, António Paiva, presidente da Câmara de Tomar, reconheceu que a concessionária deveria ter avisado a arqueóloga responsável pela obra de que iria proceder à remoção de terras, prometendo que a TomarPolis irá “investigar a fundo esta questão”.Sobre a ausência de acompanhamento arqueológico da obra, durante os primeiros seis meses, António Paiva rejeita que tenham sido causados quaisquer danos em eventuais vestígios, admitindo no entanto que a arqueóloga contratada inicialmente “tinha um litígio com o IPA” e por isso não estava reconhecida.No entanto, o autarca salienta que quando a TomarPolis teve conhecimento que essa arqueóloga não estava reconhecida formalmente pelo IPA contratou uma nova técnica, procurando “minimizar os problemas”.“Nunca houve intenção de esconder nada mas apenas questões formais que não ficaram resolvidas”, afirmou, salientando que “houve sempre acompanhamento arqueológico da obra e antes do seu início”.De acordo com o autarca social-democrata, foi feito um “estudo de incidências ambientais que tem uma componente de arqueologia” e, segundo o documento, “na sua primeira fase não era evidenciada a necessidade de acompanhamento com um técnico permanente”.No entanto, dois meses depois do início da obra, o “IPA em Dezembro veio evidenciar essa necessidade” mas a técnica responsável “não comunicou a informação recolhida porque entendia que não estava obrigada a fazê-lo”.Então, “houve uma reunião entre o IPA e a TomarPolis em Janeiro e a TomarPolis mudou de arqueóloga”, explicou o autarca, reafirmando que “os vestígios encontrados com relevo foram apenas aqueles que são agora conhecidos”.A construção do pavilhão gimnodesportivo e do parque de estacionamento subterrâneo está orçada em cinco milhões de euros mas a sua conclusão poderá ser atrasada em alguns meses devido às recentes descobertas.Nas escavações junto ao pavilhão, foram encontrados um muro e uma conduta de água que indiciam ligações a umas termas do século II, bem como construções semicirculares já do período das invasões bárbaras.Agora, seguem-se escavações mais vastas para avaliar a importância dos achados, que deverão constituir-se como uma “zona museológica” acessível aos visitantes do pavilhão e do futuro estádio municipal.O MIRANTE/Lusa
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