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Herculano abandonado na hora da derrota

Militantes sofreram na sede de Santarém sem o apoio do cabeça de lista

O líder da distrital do CDS/PP não escondeu o desalento pela perda do deputado e pela ausência do cabeça de lista na hora da derrota.

Eram dez da noite quando se abateu o desânimo na sede distrital do CDS/PP em Santarém. A derrota nas eleições neste círculo eleitoral, que custou o lugar de deputado, foi vivida por duas dezenas de pessoas, a maior parte jovens. Nos rostos dos militantes só se via tristeza. Em alguns transparecia a revolta por terem de sofrer o desaire sem o apoio do cabeça de lista, Nuno Fernandes Thomaz, que ficou em Lisboa. Quando começaram a aparecer os primeiros resultados na televisão que estava em cima de uns caixotes de cartão na nova sede, ao lado da igreja de S. Nicolau, o presidente da distrital ainda estava confiante num bom resultado. Herculano Gonçalves ia apontando números num papel sobre a mesa decorada com uma toalha amarela. Os militantes dispunham-se à sua frente. Cada vez que tocava o telemóvel de Herculano a sala ficava em silêncio. Um militante roía as unhas. Os cachecóis e bandeiras estavam guardados na cozinha. No cinzeiro azul da cor do partido acumulavam-se beatas à medida que o nervosismo aumentava. O presidente apelava à paciência: “Tenham calma. Já estamos habituados a sofrer até à última”. O tempo passa. O telefone já não sai do ouvido. Os cenários começam a ficar negros. Em alguns concelhos o partido cai para metade. Herculano Gonçalves manda dois emissários ao governo civil de Santarém. Minutos depois trazem a notícia de que faltam 15 freguesias. As mais populosas do distrito. Avançam-se hipóteses: “Se o PS subir muito podemos perder o deputado”. Apela-se à ajuda divina. “É melhor acenderes uma velinha da sorte”, diz um militante para outro. São 21h40. As pessoas permanecem sentadas nas cadeiras de plástico. A mesa com salgados, sumo e vinho, num canto da sala, não regista afluência. Herculano vai dando entrevistas para as rádios locais e começa já a abordar a possibilidade do PP perder o lugar em Santarém. A notícia chega de forma fria, faltavam cinco minutos para as dez da noite. O PS elege seis e o PSD três. “Não há hipótese. O décimo deputado é da CDU”, vaticina o presidente da distrital. Logo de seguida telefona o cabeça de lista que leva uma desanda do presidente da distrital. Perante o ar sisudo dos militantes, Herculano Gonçalves diz que houve um “desaire eleitoral”. E classifica a não presença de Nuno Fernandes Thomaz como um desrespeito pela distrital e uma “falta de camaradagem por pessoas que a troco de nada se envolveram na campanha”. Responsabiliza o cabeça de lista pelo resultado e pela forma como conduziu a campanha. Criticou o facto de não se ter apostado no porta-a-porta e de praticamente não ter havido pré-campanha. Mas diz que vai responder a tudo isto com a angariação de mais militantes, a abertura de novas concelhias e com mais trabalho.

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