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A vala é que paga

A vala é que paga

Tratamento de efluentes na ETAR Almeirim/Alpiarça não está a ser eficaz

Quatro anos após ter entrado em funcionamento, a estação que trata os esgotos de Almeirim e Alpiarça está à beira da ruptura. A sobrecarga no sistema está a fazer com que sejam lançadas águas poluídas na vala de Alpiarça.

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que serve os concelhos de Almeirim e Alpiarça não tem capacidade para tratar todos os efluentes que são para lá canalizados. Devido à sobrecarga do sistema estão a ser lançadas águas poluídas para a vala de Alpiarça, pondo em causa a limpeza do curso de água que custou 1,5 milhões de euros há quatro anos.Segundo confirmou a O MIRANTE o presidente da Câmara de Almeirim, José Sousa Gomes (PS), a ETAR “está em sobrecarga”. O autarca ressalva que a falta de capacidade do equipamento para tratar os esgotos pode estar relacionada com ligações clandestinas de condutas. Sousa Gomes aponta também o facto de alguns esgotos pluviais (que recolhem a água da chuva) estarem ligados ao sistema doméstico como uma das causas para a ETAR estar em situação de ruptura. E admite que “o tratamento dos efluentes não está a ser feito eficazmente”. Recorde-se que a ETAR lança as águas depois de passarem pelas células de arejamento, que permitem “purificar” as águas, para a Vala de Alpiarça, que desagua no Tejo em Salvaterra de Magos. A ligação até à vala é feita a céu aberto, por uma vala, pelo que está em causa também a poluição dos terrenos da zona. E, mais grave, de um espaço pantanoso conhecido por Paul da Gouxa. Neste momento estão a ser feitos estudos sobre o funcionamento do sistema pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que para além de diagnosticar os problemas da ETAR vai apontar as soluções possíveis para resolver o problema. Segundo o autarca de Almeirim, é necessário “aumentar a capacidade de tratamento da estação” intermunicipal. Esta não é a primeira vez que surgem problemas nos tratamentos de efluentes da zona. Em Janeiro de 2003, parte dos esgotos de Almeirim estiveram a ser encaminhados directamente para a vala, devido a uma avaria na estação elevatória de águas residuais de S. Roque. O problema ocorreu durante uma semana. Após a inauguração da ETAR, em 15 de Novembro de 2000, e durante seis meses, a estação esteve parada devido a complicações técnicas. Na altura a situação deveu-se a um colapso do sistema de bombagem da estação elevatória. As chuvadas desse Inverno provocaram um aumento do caudal das águas que estão canalizadas para este sistema, tendo-se verificado que as bombas electromecânicas não tinham potência suficiente para lhes dar escoamento. Na altura em que foi construída, dizia-se que a estação de tratamento estava dimensionada para uma população de 100 mil habitantes, mais do dobro dos residentes nos dois concelhos. E que tinha capacidade para receber efluentes de adegas e destilarias, depois de um pré-tratamento. Mas quatro anos depois verifica-se que os cálculos falharam. A estação Almeirim/Alpiarça funciona no chamado “sistema natural”, porque não utiliza qualquer máquina nem comporta custos energéticos. A ETAR é composta por um sistema de várias lagoas onde são recebidos os esgotos. Os efluentes ficam depositados nesses compartimentos durante vários dias permitindo assim a oxigenação da água e o acumular das lamas no fundo. À medida que vão sendo purificadas passam de lagoa em lagoa até ao tanque final.
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