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Locomotiva partiu com destino ao museu

Locomotiva partiu com destino ao museu

Velha máquina foi retirada no domingo do Largo da Estação do Entroncamento

A emblemática locomotiva que há 19 anos adornava o largo da Estação do Entroncamento foi retirada no domingo. A máquina vai engrossar o espólio do Museu Nacional Ferroviário que está a ser implantado nessa cidade.

Oito horas da manhã de domingo e, tal como previsto, tudo estava a postos. As máquinas do caminho-de-ferro que há 19 anos adornavam o largo da estação, no Entroncamento, iam ser retiradas para as instalações da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamentos Ferroviários, passando a pertencer ao futuro Museu Ferroviário.O frio e a hora matinal não eram convidativos. Quem no domingo foi para o Largo da Estação queria mesmo presenciar a retirada das máquinas que durante 19 anos foram o cartão de visita da cidade. A maior parte das testemunhas foi mais longe e registou o momento fotograficamente. Os disparos fotográficos apareciam de todos os lados.Desta vez, ao contrário do que aconteceu em 1986, a locomotiva 135 não deslizou sobre carris. A máquina, bem como o tênder (vagão que seguia a locomotiva, como armazém de água e o carvão) e a carruagem onde funcionava o posto de turismo foram içados por uma grande grua, instalada no local, e transportados em zorras até às oficinas da CP.Pela primeira e, provavelmente, a última vez, a locomotiva 135 passeou pelas ruas atravessando toda a cidade até entrar pelo portão da “linha da guerra”, à saída da recta dos quartéis, no sentido de Torres Novas.Os trabalhos preparativos, que envolveram mais de 20 pessoas, começaram dias antes. Foi necessário soldar grandes argolas lateralmente nos extremos das máquinas, onde encaixaram os ganchos que as içaram.A dimensão das peças - a locomotiva 135 pesa 36 toneladas - obrigava a operações minuciosas. “Um pouco mais para o lado, agora mais para cima”, diziam os funcionários da EMEF trajados de vermelho e azul, informando o colega que manobrava a grua. Hora e meia após o início dos trabalhos foi possível começar a içar a máquina. Foi afastada uns centímetros dos carris e a zorra posicionou-se junto à praça.A locomotiva subiu, deslocou-se lateralmente enquanto descrevia um ângulo de 180 graus e pousou em cima dos carris colocados no estrado da zorra. A primeira e mais complicada etapa dos trabalhos estava concluída. Com dois carros da PSP e duas viaturas da câmara a abrir caminho, a zorra desceu a avenida José Eduardo Victor das Neves (da Estação), virou à esquerda em direcção à Ponte da Pedra, para voltar de novo à esquerda para dentro da cidade, atravessou o viaduto Eugéne Poitout e continuou pela rua Eng. Fernando Mesquita (Recta dos Quartéis), até ao portão das oficinas da EMEF. O tênder e a carruagem fizeram o mesmo trajecto.Do interior da estação foi retirada, pelo mesmo processo, a locomotiva 003, conhecida pela “Ratinha” e a mais pequena de todas as locomotivas da história da CP. Um triciclo que se encontrava sob um telheiro seguiu o mesmo percurso.Do largo da Estação falta agora retirar os azulejos que revestem as plataformas onde assentavam as máquinas e posteriormente demolir esses suportes. Dos azulejos, da autoria de Ana Paula Gomes Lopes, será feita uma réplica, porque muitos deles deverão ficar destruídos, logo que se decida onde irão ser fixados.No largo irá ficar um monumento ao ferroviário para o qual a Câmara Municipal do Entroncamento lançará um concurso de ideias a nível nacional. Para o futuro monumento foi pedido o alto patrocínio do Presidente da República, cuja resposta se aguarda.Margarida Trincão
Locomotiva partiu com destino ao museu

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