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Ecografias a grávidas apenas em quatro concelhos

Faltam clínicas convencionadas com o Sistema Nacional de Saúde

Uma boa parte das grávidas do distrito de Santarém tem de fazer mais de trinta quilómetros de carro para realizar uma ecografia pré-natal. A situação mais complicada vive-se a sul, onde há apenas uma clínica convencionada em Coruche.

Em todo o distrito de Santarém há apenas quatro clínicas que fazem ecografias pré-natal que têm acordo com o Sistema Nacional de Saúde (SNS). Uma lacuna em termos de cuidados médicos que faz com que as grávidas de 17 dos 21 concelhos do distrito tenham de se deslocar a outros municípios para realizarem as habituais três ecografias durante o período de gravidez.Santarém é o caso mais grave, por ser o concelho mais populoso (cerca de 63 mil habitantes) e por não ter nos concelhos vizinhos qualquer clínica convencionada onde se possa realizar a ecografia com comparticipação do Estado. As grávidas da capital do distrito – e de toda a zona sul do mesmo – têm as clínicas mais próximas em Coruche e no Entroncamento, localidades que ficam a mais de trinta quilómetros e a mais de meia hora de carro, com os inconvenientes decorrentes para quem está nos últimos meses de gravidez. Tomar e Abrantes são as outras opções.A clínica que fazia este tipo de exame em Santarém deixou de os realizar há alguns meses. O médico responsável pelas ecografias foi trabalhar para outro local e no mercado não há muitos profissionais disponíveis para o efeito.A escassez de médicos preparados para realizarem as ecografias tem que ver com duas condicionantes. Uma mais técnica, que se prende com a formação do médico, normalmente um obstetra com formação especifica na área, e outra económica. É que o Estado paga as três ecografias ao mesmo valor (15 euros), verba que é considerada muito baixa pela maior parte dos médicos e clínicas particulares. Refira-se como dado indicativo que no sector privado este tipo de ecografia tem um valor a rondar os cem euros, ou seja, quase sete vezes mais.Este problema está a preocupar os responsáveis regionais pela saúde. Em declarações a O MIRANTE, o director de Serviços de Saúde da Sub-Região de Santarém da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), António Lourenço, reconhece que a situação é inquietante, sobretudo porque não há uma solução à vista.Segundo as explicações que deu ao nosso jornal, o problema coloca-se sobretudo com a segunda das três ecografias que as grávidas devem realizar. Este exame, que se efectua normalmente por volta das 20-22 semanas de gravidez e que se chama ecografia morfológica, requer conhecimentos técnicos específicos por parte do médico e sofisticação de equipamentos, o que, aliada à baixa comparticipação do Estado, “afasta” potenciais interessados.A situação, que afecta todo o país, complica-se ainda mais porque as administrações re-gionais de saúde estão impedidas de acordar novas convenções com particulares, uma situação que se arrasta há cerca de três anos.A solução poderia passar pela realização das ecografias nos hospitais públicos, no caso do sul do distrito no hospital de Santarém, mas este tipo de unidades de saúde não tem capacidade para atender todos os casos. António Lourenço refere que o hospital realiza este tipo de exames apenas às grávidas de médio e alto risco.Em Vila Franca de Xira, a situação também está longe de ser a ideal. Embora haja clínicas com acordo com o SNS, as ecografias comparticipadas não são feitas com todos os parâmetros normais devido ao baixo valor pago pelo Estado.

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