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Casa mortuária já não vai para a escola

Casa mortuária já não vai para a escola

Câmara Municipal de Torres Novas e Junta de Freguesia de Assentiz voltam atrás

Os pais das crianças que frequentam a escola primária de Moreiras Grandes insurgiram-se contra a ideia da junta de freguesia, que com o apoio da Câmara de Torres Novas pretendia instalar uma casa mortuária numa sala de aulas devoluta. Os políticos recuaram nas suas intenções após os protestos.

Não vai haver nenhuma casa mortuária na escola de Moreiras Grandes, freguesia de Assentiz (Torres Novas). A população movimentou-se e o poder político, com o apoio do pároco, recuou nas suas intenções. A sala que se pretendia aproveitar para casa mortuária faz parte do edifício escolar e ficou devoluta o ano passado, quando acabou a telescola. Só que para o ano vai voltar a ser necessária, para leccionar o primeiro ciclo já que do jardim-de-infância vão sair 10 crianças. Mas mesmo que assim não fosse dificilmente os encarregados de educação iriam aceitar que as crianças tivessem aulas, paredes-meias com um espaço onde se velam mortos.“Não estamos contra a construção de uma casa mortuária na aldeia, mas junto à escola não concordamos”, frisa Isabel Bento, representante dos pais dos alunos do primeiro ciclo. A notícia chegou ao conhecimento dos pais através dos jornais. E essa é uma das críticas apresentadas: “Se tivessem falado com a população seria tudo mais fácil”, salienta outro dos encarregados de educação que no domingo falaram com O MIRANTE.José Conde (PSD), presidente da Junta de Assentiz, afirma que houve “boa fé” em todo este processo, mas se a sala vai ser precisa para a escola “não se fala mais nisso e fica tudo como está”. “Não queremos guerras com ninguém, pensámos que era uma forma de resolver uma antiga aspiração da população”, disse a O MIRANTE.Logo que souberam da intenção da junta de freguesia, em conjunto com a comissão da capela e apoiada numa deliberação camarária, os pais tentaram por diversas vezes entrar em contacto com os responsáveis por tal decisão, mas nem sempre foi possível.Na quinta-feira, dia 10, os presidentes da câmara, da junta de freguesia, do agrupamento de escolas e o pároco António Barreleiro acompanhado por alguns habitantes entraram no pátio da escola e os ânimos exaltaram-se. A educadora Conceição Contente foi acusada de “encabeçar” um movimento contra a construção da casa mortuária e de dividir a população. “Foi uma situação muito complicada a que as crianças assistiram, porque eu estava no recreio com elas”, conta Conceição Contente. Sem querer adiantar muitos pormenores, a educadora afirma que foi “insultada”, pelo presidente da câmara. “Invadiram o pátio da escola, não me refiro aos presidentes, mas às outras pessoas que entraram com eles. E é bom esclarecer que não foi o presidente da junta, como chegou a ser dito, que me insultou, mas sim o senhor presidente da câmara”. Conceição Contente, que deu pela primeira vez aulas naquela escola há 20 anos, tem o apoio incondicional dos pais. “Deviam homenageá-la pelo trabalho que tem feito com as nossas crianças, não era insultá-la”, afirmava Rosa Oliveira representante dos pais das crianças do jardim-de-infância, com a concordância dos restantes encarregados de educação presentes. “Foi uma vergonha, ainda por cima nenhuma das pessoas que foi lá reclamar é encarregada de educação nem avó de nenhuma das crianças. Pertencem à comissão da capela, ou lá o que é”, continuava outra das mães, para concluir “é para estas e por outras que cada vez vai menos gente à missa”.A educadora que, segundo diz, ficou psicologicamente abalada, apresentou a demissão dos cargos que exercia no agrupamento de escola, com sede na Escola EB 2/3 Manuel de Figueiredo, em Torres Novas. “Demiti-me do conselho pedagógico e de coordenadora do conselho de docentes, mas vou continuar na escola”.Margarida Trincão
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