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Discriminação ou protecção?

Discriminação ou protecção?

Ciganos queixam-se à PSP de não lhes ser permitida a entrada em estabelecimentos de diversão

Vários elementos de etnia cigana de Tomar queixaram-se de discriminação racial, pelo facto de lhes ser sistematicamente barrada a entrada em estabelecimentos de diversão nocturna. A PSP propôs aos donos dos bares a emissão de um cartão cliente mas estes não estão receptivos a essa solução, também ela discriminatória, alegando que têm que se proteger.

Vários elementos de etnia cigana residentes na zona do Flecheiro, em Tomar, queixaram-se a semana passada à PSP de “discriminação racial” pelo facto de lhes ter sido vedada a entrada no Bowling Zone, novo equipamento de diversão na cidade, inaugurado a 18 deste mês.Devido ao facto de este não ser o primeiro estabelecimento nocturno de Tomar a barrar a entrada a pessoas de etnia cigana nem ter sido esta a primeira queixa apresentada pelos lesados, o comandante da secção de polícia decidiu fazer de imediato uma reunião com cerca de uma dezena de proprietários de casas de divertimento “para pôr os pontos nos is”.Para o comissário Lopes Martins não se pode confundir a árvore com a floresta, que é o mesmo que dizer que se há indivíduos de etnia cigana que provocam desacatos e não têm condições para entrar em estabelecimentos de diversão, outros há que têm um comportamento tão ou mais digno que qualquer outro habitante da cidade.Os empresários, ao que parece, é que não estão muito confiantes no bom comportamento dos queixosos, talvez porque já tenham sofrido na pele situações de danos, estragos gratuitos e até ofensas corporais dentro dos seus próprios estabelecimentos.Foi por isso que torceram o nariz à proposta apresentada pela PSP de atribuí-rem a alguns elementos – “os que provarem ser merecedores” – um cartão cliente.Os empresários da noite dizem que a oferta de um cartão daquele género não pode funcionar como um salvo-conduto (licença escrita que se dá a alguém para poder transitar em qualquer lugar, sem ser incomodado) e afirmam não ser isso que irá mudar a conduta das pessoas em causa.“Eles dizem que são discriminados mas dando-lhes um cartão cliente também estão a ser alvo de discriminação”, refere o proprietário de uma casa nocturna, escudando-se no anonimato para não sofrer represálias.O comandante da PSP admite que a sua proposta pode ser considerada como discriminatória relativamente aos clientes habituais, mas diz que é uma “discriminação pela positiva”, exactamente o contrário da que existe actualmente.Aliás, Lopes Martins reforça que a emissão de um cartão cliente é apenas uma proposta, não um dado adquirido. Até porque o comandante da PSP de Tomar ainda vai ter uma outra reunião, desta vez com os elementos de etnia cigana.Margarida Cabeleira
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