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Finalmente… a “falência da Câmara”

Ainda hoje me interrogo: como é que alguém “do meu próprio partido” pode acusar-me de ter levado a Câmara à falência, quando o melhor que conseguiu, em três anos, foi fazer duas vezes pior, no que toca ao endividamento autárquico?

A mais estonteante das espingardas que disparou sobre mim tinha a pólvora inventiva da “falência autárquica escalabitana”. Confesso que fiquei gravemente ferido com esse tiro insólito, traiçoeiro e ignóbil. Insólito porque, a haver uma falência da Câmara, o mais plausível seria que o privilégio da descoberta e consequente notícia coubesse à oposição. Traiçoeiro porque caiu no período em que eu fazia uma campanha dificílima para as legislativas de 2002. Ignóbil, tão ignóbil, que foi o próprio PSD a pôr água na fervura, declarando que a coisa não era assim. Em suma: uma vergonha!Ainda hoje me interrogo: como é que alguém “do meu próprio partido” pode acusar-me de ter levado a Câmara à falência, quando o melhor que conseguiu, em três anos, foi fazer duas vezes pior, no que toca ao endividamento autárquico?Na altura, houve amigos que, procurando sarar-me as feridas, alegaram que se tratava de ataques provenientes de personagens saídas do reino imaginário de Lilliput, descrito nas Viagens de Gulliver, ou seja, insignificantes e completamente fora da realidade. Nessa perspectiva, tais ataques não poderiam ser levados a sério. Porém, a campanha difamatória urdida contra mim foi real, apesar de cobarde, vil e intelectualmente desonesta. A mensagem da invenção da falência da Câmara de Santarém correu Seca e Meca. Foi notícia nas lojas e nos barbeiros. Fez as delícias dos mercados e dos cafés. Atravessou as tascas, as cabeleireiras, as fábricas e as colectividades, dentro e fora deste município.A mensagem que se pretendeu passar contra mim teve, inclusivamente, honras televisivas e destaque no Diário de Notícias de 9 de Março de 2002. Visava, sem a menor dúvida, destruir-me perante os eleitores que conferiram duas maiorias absolutas ao PS, sob a minha liderança, em 1993 e em 1997. Simultaneamente, atingiu-me em termos pessoais, de forma indescritível. Do que vale, nesta altura, muita gente já saber que eu não deixei a Câmara de Santarém de rastos? Em 2002, eu fui, implacavelmente, atingido como autarca, mas também como empresário, como gestor e, pior do que isso, como homem e como pai. Entretanto, convictos de que a sua campanha difamatória tinha sido letal, os seus autores desataram a contrair dívidas, no pressuposto de que eu seria sempre o culpado pelos fracassos da sua gestão, uma gestão ensurdecida perante os apelos do necessário reequilíbrio financeiro. As pedras que me atiraram, mal deixei a presidência da Câmara de Santarém, em 2002, subiram tanto que estão agora a cair nos telhados de quem as mandou para o ar. Sem medir as consequências, os “meus amigos do peito” (e do partido) não têm hesitado em submeter-se a tudo para garantir a sua manutenção na efémera e, agora, finalmente falida cadeira do poder. Póvoa da Isenta (Moinho de Vento), 15 de Abril de 2005

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