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Aldeia pacata que não voltou as costas à agricultura

Aldeia pacata que não voltou as costas à agricultura

Vale de Figueira (Santarém) vive na incerteza da reformulação do traçado da Linha do Norte

Vale de Figueira não renega as suas raízes e continua a ter na agricultura uma das suas principais actividades. A estação ferroviária da Linha do Norte deu-lhe dinâmica, mas a mudança de traçado poderá afastar o comboio da freguesia.

Entre o rio Tejo e a linha ferroviária do Norte, a freguesia de Vale de Figueira, cuja sede fica a cerca de 15 quilómetros da sede de concelho, continua a ser uma terra fértil de onde saem durante todo o ano milhares de toneladas de produtos agrícolas. É certo que hoje a agricultura já não tem a importância de outros tempos na vida da freguesia, mas ainda continua a ocupar um apreciável número de habitantes.Hoje a maior parte da população activa divide-se pelas pequenas indústrias transformadoras da localidade e pelos seus trabalhos em Santarém ou em Lisboa. O comboio, que atravessa a freguesia, é, nesse e noutros aspectos, uma mais valia importante em termos de transportes.Uma mais valia que vive uma época de incertezas. A Refer, empresa responsável pela rede ferroviária nacional, vai reformular a Linha do Norte e uma das possibilidades é a alteração de traçado, que poderá afastar o caminho-de-ferro do centro da freguesia, com as consequências que isso teria em termos de mobilidade da população.Essas dúvidas quanto ao futuro da via ferroviária originam ainda outros problemas. Sem traçado definido, o Plano Director Municipal (PDM), em processo de revisão, vai continuar bastante limitado, com evidentes prejuízos para os moradores.A inadequação do PDM é, de resto, um dos exemplos apontados quando se fala dos problemas da freguesia. Segundo o presidente da junta, o PDM tem impedido que muita gente construa em terrenos seus ou de familiares, o que tem levado à saída de alguns jovens.População e autarcas querem que na futura revisão deste instrumento regulador os técnicos venham à freguesia, para se evitar uma divisão a régua e esquadro sem se olhar às características locais. “Não queríamos que o perímetro de urbanização aumentasse muito mas que houvesse atenção a esses casos”, explica o presidente da junta, que considera que se isso não acontecer a saída da gente mais nova é irreversível.O envelhecimento da população é uma das preocupações e levou à criação, há 8 anos, do Centro de Bem-Estar Social, que recebe idosos de Vale de Figueira e da freguesia vizinha de São Vicente do Paul. No centro está quase meia centena de idosos, a que se juntam mais 30 que recebem apoio domiciliário.O Centro de Bem-Estar Social está a desenvolver também uma valência de ATL, para já com cerca de uma dezena de crianças que após o horário escolar têm ao seu dispor actividades complementares como o inglês ou a música.A população escolar de Vale de Figueira que tem aulas na freguesia ronda as sete dezenas. Na escola básica do primeiro ciclo estão cerca de 45 alunos e no jardim-de-infância perto de 25.Acabada a primária, os alunos da freguesia vão para a Escola D. João II, em Santarém. Há transporte público até à escola mas os alunos de Vale de Figueira têm de mudar de autocarro em Alcanhões, uma situação que envolve alguns perigos e que preocupa pais e autarcas. Tal como o facto de os autocarros andarem frequentemente sobrelotados.A população de Vale de Figueira concentra-se num núcleo urbano único, próximo do cruzamento da Linha do Norte e da Estrada Nacional 365. É uma terra onde não há grandes problemas sociais mas onde se identificam alguns casos associados ao tráfico de droga.Em termos culturais e desportivos a freguesia está bem servida. O clube mais conhecido é o Alvitejo, que resultou da fusão do Grupo União e Recreio com a Sociedade Educativa e Recreativa. Actualmente tem em actividade secções de atletismo, chinquilho, e ginástica mas ainda o ano passado teve uma equipa de futebol que disputou o distrital do Inatel.Há também o rancho folclórico, que tem bastantes saídas; a Amiaves, uma associação que trabalha em prol da protecção das aves; o grupo columbófilo, que concorre ao longo do ano em vários concursos, e o agrupamento 1041 dos escuteiros. A população de Vale Figueira é bairrista e gosta de participar nas actividades da freguesia.A freguesia tem posto médico a funcionar diariamente, embora por vezes surjam alguns problemas relacionados com a falta de médicos. O comércio é diversificado, com várias mercearias, um mini-mercado, dois restaurantes e várias tascas e cafés. Existe também farmácia e Multibanco e os serviços básicos – água, luz e esgotos – têm uma cobertura quase total.O alargamento do cemitério é uma das maiores necessidades da freguesia. O espaço actual está praticamente lotado e já foi adquirido um terreno para a ampliação que custou vinte mil euros pagos em partes iguais pela câmara e pela junta. O problema é que as obras de ampliação vão rondar os 120 mil euros e até ao momento a Câmara de Santarém ainda não decidiu avançar com as obras.O arranjo da chamada estrada do campo, que liga a freguesia à Ribeira de Santarém, na zona da Fonte de Palhais, é outra promessa do actual executivo camarário que continua por sair do papel. Seria uma mais-valia para o escoamento de produtos agrícolas e uma forma da população chegar mais facilmente à sede de concelho.A despoluição do rio Alviela é outra das ambições do actual elenco da junta de freguesia. Segundo o presidente da autarquia, não há semana em que não haja descargas de fábricas ou agro-pecuárias que existem ao longo do curso do rio, que desagua no Tejo próximo de Vale de Figueira. A junta tem um projecto de 150 mil euros (preços de 2002) que prevê a construção de um parque de lazer na foz do Alviela, mas dificilmente irá avançar nos próximos anos.Vale de Figueira é conhecida também por ser a sede da família Infante da Câmara, uma das mais conhecidas ganadarias do país e um dos maiores empregadores da freguesia, onde os seus elementos são bastante respeitados.
Aldeia pacata que não voltou as costas à agricultura

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