Joaquim Salgado Canha nasceu há 67 anos na freguesia de Tremês e com 12 anos foi morar para a freguesia da Várzea, Santarém, onde os pais compraram uma propriedade. Há dois mandatos que é presidente da junta de freguesia da terra onde cresceu e de onde partiu para a tropa. Joaquim Canha (PSD) aposentou-se há 18 anos da Força Aérea, com o posto de sargento-chefe, onde trabalhou na secção de justiça.Esteve três comissões na guerra do Ultramar, na Guiné, Moçambique e Angola. Fez um curso de investigação na polícia judiciária, que o ajudou a desenvolver as funções que tinha na Força Aérea. Fez parte do grupo de inquérito ao golpe do 25 de Novembro. Foi ameaçado de morte várias vezes nessa altura, confessa. Joaquim Canha estudou até ao terceiro ano do liceu, antes de ingressar na Força Aérea com 21 anos. Continuou a estudar e tirou o sétimo ano. Incentivado pelo anterior bispo de Santarém, D. António Marques, de quem era amigo, fez o curso de teologia na Universidade Católica entre 1989 e 1994. Católico praticante, ocupa os tempos livres a copiar a Bíblia para folhas de papel A4. Já tem 1120 páginas escritas à mão. É uma forma, diz, de interiorizar melhor o livro sagrado. Joaquim Canha chegou a exercer funções de secretário da Escola de Teologia do Seminário de Santarém. Para além da religião, gosta de agricultura e costuma amanhar uma horta no terreno onde reside, em Grainho. Chegou a ter uma vinha, mas há algum tempo arrancou-a porque deixou de beber vinho devido a problemas de saúde. Gosta de ler e na televisão só vê os noticiários. Casado, pai de duas filhas, costuma ir passar férias à Nazaré ou à ilha do Pico, nos Açores, onde o genro tem uma casa. É uma pessoa calma que está cansada da política e, por isso, não vai recandidatar-se. “Agora vou aproveitar para descansar. As pessoas não percebem o nosso trabalho e dedicação. As nossas limitações. Pensam que podemos fazer tudo, que temos muitos meios...”, desabafa.Joaquim Canha, que foi condecorado sete vezes, enquanto militar, por comportamento exemplar, dá muita importância à amizade. Recorda que usa um terço do anterior bispo de Santarém, que este lhe deixou, juntamente com um porta-chaves, antes de morrer. Uma situação que o deixou bastante sensibilizado.