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“O PS tem excelentes candidatos a vereador em Santarém”

Noras vai integrar listas socialistas em Lamego

José Miguel Noras aceitou integrar as listas do PS à Câmara de Lamego em lugar, à partida, não elegível. O presidente da Assembleia Municipal de Santarém pondera voltar a candidatar-se à câmara, a que presidiu durante dez anos. Mas primeiro ainda gostava de passar pela do Entroncamento. Sobre as listas do seu partido em Santarém diz que o PS tem excelentes candidatos a vereador.

Que balanço faz do actual mandato autárquico em Santarém?Tenho acompanhado o processo enquanto membro da assembleia municipal, as informações são-me enviadas. Quanto ao resto não gostaria agora, sinceramente, de aprofundar muito as avaliações relativamente a este mandato.De zero a vinte que nota dava ao desempenho da câmara?Qualquer avaliação de um mandato terá que ser efectuada comparativamente com os mandatos precedentes. Isso implicava ser advogado em causa própria, porque forçosamente teria de comparar no âmbito da administração financeira e no domínio dos projectos o que cada mandato herdou, o que cada mandato realizou... Teria que fazer comparações em matérias onde sou profundamente conhecedor e não queria fazê-lo, atendendo à minha condição de militante do PS.Muitos dos projectos concretizados neste mandato foram planeados no seu consulado…É do conhecimento generalizado que os grandes projectos do actual mandato decorrem do anterior. A construção de habitação social em várias freguesias, o projecto Almargem na Ribeira foi feito pelos técnicos da câmara no mandato anterior. E a reabilitação do Teatro Sá da Bandeira, que foi o projecto mais difícil feito durante a minha presidência na Câmara de Santarém. Porque as obras são boas quando os projectos têm qualidade. Como encara a possibilidade de a Câmara de Santarém sair das mãos do PS pela primeira vez desde o 25 de Abril?Penso que ainda há muita água para passar debaixo das pontes. Os cenários que se colocam, decorrentes das leituras das sondagens, devem, salvo melhor opinião, levar o Partido Socialista a perceber que esta batalha vai ser extremamente difícil e uma eventual vitória também vai ser por uma unha negra. Na minha opinião quem está no poder tem sempre vantagens. Não é em vão que o povo diz que as oposições não ganham, são os presidentes que perdem. Tudo é possível nestas eleições. O que é fundamental é que o PS, se quiser ganhá-las, terá de fazer um grande esforço e com muita humildade, mostrando a obra feita de todos os mandatos. E dizer ao eleitorado que entre um pássaro na mão e dois a voar mais vale aquilo que é habitual, que se repete e se conhece.Mas o desgaste causado pelo poder também pode influenciar…O PS a meu ver tem uma grande vantagem: tem excelentes candidatos a vereadores, como Manuel Afonso e Joaquim Neto. Qualquer um daria um excelente presidente da câmara. Manuel Afonso é uma pessoa muito popular e sempre disponível para acolher os problemas dos munícipes. Apesar de ter trabalhado sem se fazer à fotografia goza das maiores simpatias em todo o concelho. Joaquim Neto, tendo tido pelouros extremamente difíceis, soube ultrapassar as adversidades e é hoje um vereador exemplar. E há Luís Batista, que fez um excelente trabalho na Junta de Freguesia da Romeira. Os candidatos a vereadores são uma mais valia da lista do PS.Ao citar esses nomes está a omitir claramente o nome do presidente da câmara e cabeça de lista do PS…Estou a falar de pessoas cujo trabalho tenho acompanhado e não se fizeram para a fotografia. Prezo-me de ser um homem justo.Acha que o presidente da câmara não é uma mais valia na lista do PS?Não estou a dizer exactamente isso. Estou a dizer que me prezo de ser justo. Tenho ouvido as populações e os sinais que me chegam são estes: são pessoas à altura. O vereador Manuel Afonso está sempre disponível, goza de muita simpatia, é muito conhecido e daria um bom presidente de câmara. E eu concordo com isso.Seria melhor presidente do que Rui Barreiro?Tenho sérias dúvidas que não desse um melhor presidente do que o actual.Teme que a situação política nacional e as medidas impopulares lançadas pelo Governo possam repercutir-se nos resultados das autárquicas?Acho que o Governo vai ter as costas largas, mas a responsabilidade de eventuais desaires autárquicos não tem a ver com as medidas corajosas, ousadas e extremamente necessárias, ainda que impopulares, que o Governo tomou. O povo está muito atento, é sereno e distingue umas coisas das outras. Não haja dúvidas é que no caso de Santarém há realidades difíceis de superar e as últimas sondagens davam resultados que levam a que o PS se mobilize e una mais do que nunca para levar de vencida uma batalha que é extremamente complexa.Porque é que não formalizou a sua demissão do Partido Socialista, como ameaçou há três ou quatro anos? Arrependeu-se?Houve da parte do PS um conjunto de pressões às quais não fui imune. Houve uma lógica segundo a qual uma militância de décadas não valia a pena ser esquecida em razão de questões momentâneas e passageiras, como o tempo acabou por comprovar.A sua relação com o partido está pacificada?Há uma relação crítica. Acho que a grandeza do PS é ter várias linhas. Seria mau de mais é que um militante como eu, discordando desta ou daquela medida, viesse para a rua dizer que estava tudo bem. “Poderei voltar a ser candidato à Câmara de Santarém”O que é que o levou a aceitar integrar a lista do PS à Câmara de Lamego?Eu tenho uma grande relação com a Associação de Municípios com Centro Histórico, que ali tem a sua sede. De resto ascendi à sua vice-presidência em 1990, acompanhei todo o desenvolvimento do processo de candidatura do Douro vinhateiro a património mundial e entre 1994 e 2002 liderei essa associação. Acompanhei a vida autárquica local, a minha relação com o PS vem de há 30 anos e o convite que me foi dirigido recebi-o como quem acolhe as prendas que nos encantam.Na verdade estou profundamente enraizado em Lamego onde vou uma a duas vezes por mês desde há bastantes anos e foi com muita simpatia.Foi contactado por alguém para integrar as listas do PS por Santarém às próximas autárquicas?Tive o cuidado de dizer em 9 de Junho de 2004, numa reunião da comissão política, que não participaria nas listas à assembleia municipal. Não sendo candidato à assembleia não haveria nenhuma outra alternativa porque não seria candidato a nada em Santarém.Em que lugar figura na lista?Estou no quinto lugar, mas devo dizer que tive muita dificuldade para evitar lugares de relevo quer para a câmara quer para a Assembleia Municipal de Lamego. Na assembleia nunca porque, relativamente a Santarém, disse de uma forma inequívoca que não seria candidato à Assembleia Municipal de Santarém nem a nenhuma outra.Porquê?Esta parte da minha decisão não foi fácil de tomar e tem sido muito difícil de manter, porque as gentes de Lamego dirigiram-me convite nesse sentido. E porque o Entroncamento, que é outra terra que me está atravessada por uma paixão exótica e por muito afecto, levou a que o seu cabeça de lista à câmara municipal, justamente em finais de Junho, me tivesse convidado para liderar a lista do PS à assembleia municipal. O que rejeitei por razões várias.E assim chegou a Lamego…Depois, tendo dito que não seria candidato só me restava participar numa lista para uma câmara. Ora tendo eu dirigido os destinos de uma capital de distrito como é Santarém, apesar da minha modéstia e humildade não sou estúpido nem romancista grego ao ponto de pensar que era adequado ser candidato a vereador noutra praça qualquer. Facto que não está em causa, pelo que a minha presença na lista significa apenas o apoio inquestionável a um projecto onde é muito difícil o PS ganhar, embora o tenha conseguido. E espero vivamente que repita a dose.O convite foi-lhe dirigido pelo presidente da Câmara de Lamego?Sim.A aceitação desse convite foi uma bofetada com luva branca ao PS de Santarém, que o afastou da câmara há quatro anos?Não. Sou um homem do Partido Socialista e lutar em Lamego é talvez mais relevante e difícil do que fazê-lo em Santarém ou noutra autarquia como Entroncamento ou Tomar. Porque na verdade estamos em presença do Douro, onde o eleitorado é sociologicamente social-democrata e de direita.Acha que ainda podia ser uma mais-valia para o concelho em termos políticos?Essa é uma pergunta que só os eleitores podem responder. Não me cabe a mim especular sobre isso.Desinteressou-se da política local?Não. Este meu compromisso com Lamego já vem de Novembro ou Dezembro do ano passado. Acompanho vivamente a minha terra, tenho aqui os meus interesses e a minha família e é lógico que amo Santarém acima de qualquer outra terra do país.Ou seja, no futuro pode ponderar um regresso ao combate político e autárquico?Seria menos sincero se omitisse que muito provavelmente voltarei a ser candidato à Câmara Municipal de Santarém. Ponderou candidatar-se à câmara em 1997 e 2001 e ainda não desistiu da ideia“Gostava de servir o Entroncamento”É verdade que se disponibilizou ao seu partido para ser candidato à presidência da Câmara do Entroncamento?Já em 1997 evidenciei a minha disponibilidade para ser candidato à câmara de uma terra de que gosto muito, que tem futuro e que merece ter lideranças fortes. Nesse ano os dirigentes do PS entenderam que era muito mais útil enfrentar a batalha em Santarém, o que fiz com gosto. Enfrentei uma figura nacional de grande relevo, o meu amigo Hermínio Martinho, e conseguimos uma vitória. Em 2001, o líder distrital do PS entendeu que não devia ser candidato pelo Entroncamento e desta vez a disponibilidade foi, digamos, a meio gás.O que é isso de disponibilidade a meio gás?A minha disponibilidade foi a meio gás porquanto eu tenho um princípio que implica um grande conhecimento das realidades locais e a convicção plena de que faria melhor do que quem lá estava. Para que eu pudesse estar seguro de que poderia fazer melhor tinha que me dedicar com um ano ou ano e meio de antecedência a essa causa. Porque na vida autárquica não se pode brincar com coisas sérias. E eu gosto de levar as coisas sempre com muito brio, profissionalismo e dedicação a 200 por cento.Havia receptividade por parte do PS do Entroncamento?Tenho a maior admiração pelo PS do Entroncamento. Tem uma figura emblemática, de quem me prezo de ser amigo há muitos anos, que é João Lérias – seria o presidente de câmara normal do Entroncamento – e para grande satisfação minha foi uma das personalidades que de uma forma inquestionável me apoiou na hipótese de candidatura formulada logo em 1997. E o mesmo fez em 2001, batendo-se junto de Carlos Cunha para que eu fosse o candidato. Facto que muito me agradaria na altura.Quais foram os argumentos para não ser aceite a sua candidatura?Nunca foram muito claros. A dado passo, quando essa situação podia ser mais clarificada eis que, também em função de pressões nacionais do PS, fui candidato à Assembleia Municipal de Santarém. E devo dizer que o que me levou a aceitar essa candidatura foi a admiração imensa que tenho por António José Seguro. Foi ele que me convidou e a quem eu, podendo, não podia dizer que não.O que é que o atraía nessa possibilidade e porquê o Entroncamento?Gosto muito do Entroncamento por razões afectivas. Calcorreei muito aquelas ruas por razões familiares. Tem muito a ver com um estímulo eminentemente cultural. É das terras que desmente todas as regras de crescimento. Tem índices de desenvolvimento superiores a todas as outras…É um desafio apelativo, digamos assim…Depois há até um sentido romântico na causa que me liga ao Entroncamento, já que o seu primeiro presidente de câmara foi um homem de Santarém – o Duarte Coelho, nascido na Ribeira. Tenho um amor sem limites por aquela terra e gostava muito de a servir. Aliás, eu gostava, antes de voltar à Câmara de Santarém, de passar pelo Entroncamento.É uma mensagem para dentro do partido?Não sei. Temos de aguardar por estas eleições. Estou aqui a dizer aquilo que a ser ocultado representaria menos sinceridade da minha parte. Era um desafio que me apaixonava liderar uma candidatura ao Entroncamento, desde que estivesse preparado, o que neste momento não é o caso. E também não nego que dentro de oito anos possa vir a ser candidato em Santarém.João Calhaz

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