uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Tonova fecha e manda uma centena para o desemprego

O fim do grande investimento industrial das Côtoas (Torres Novas)

Sete anos depois da inauguração a Tonova, fábrica de proceesamento de carnes, localizada em Torres Novas, fecha as portas. A empresa chegou a ter meio milhar de funcionários mas actualmente apenas estavam ao serviço cerca de uma centena. O princípio do fim aconteceu em Agosto de 2003 quando o único cliente, a Sonae, abriu em Santarém uma empresa idêntica.

A Tonova - Processamento Centralizado de Carnes, Lda, em Torres Novas, encerrou definitivamente na sexta-feira, dia 29, mandando para o desemprego cerca de uma centena de trabalhadores.Desde o ano passado que a Tonova, a fábrica de carnes, como ficou conhecida, começou a não renovar os contratos dos trabalhadores e, apesar dos responsáveis pela empresa afirmarem que o encerramento da unidade não estava nas perspectivas, adivinhava-se um futuro difícil. O seu principal cliente, o Grupo Sonae abriu em Santarém uma unidade fabril para desmanche e distribuição de carne às suas superfícies comerciais e, em Agosto de 2003, rescindiu o contrato com a Tonova.Desde essa altura, que os contratos deixaram de ser renovados, mas em Janeiro de 2004, Fernando Aparício, directora dos recursos humanos da empresa afirmou a O MIRANTE que embora a produção tivesse diminuído o “crescimento iria ser gradual e não havia qualquer perspectiva de encerramento da unidade”.Ano e meio depois, a Tonova encerrou. Apesar dos múltiplos telefonemas para a empresa, nem Fernanda Aparício, nem Humberto Rocha, aministrador, se disponibilizaram a fornecer informações. O telefone era atendido pelo segurança e ou ambos os responsáveis ainda não tinham chegado ou estavam ocupados. As tentativas prolongaram-se por mais de uma semana.Os trabalhadores contactados também recusaram prestar declarações, os directores pediram-lhes para não o fazerem e o pedido foi acatado. Também o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Alimentares de Conservas do Centro e do Sul, com pouca representatividade na empresa não possuía muitas informações.António Hipólito, dirigente sindical, disse apenas que os trabalhadores tinham recebido todas as indemnizações e regalias a que tinham direito tal como se tivessem enveredado por uma situação de despedimento colectivo.O encerramento da empresa não causou surpresa para os funcionários e ex-funcionários. Encontrar clientes equivalentes ao Grupo Sonae, como era intenção dos responsáveis mostrou-se, na prática, impossível e pouco a pouco a produção foi diminuindo e os funcionários também. Em Agosto de 2003, a Tonova tinha 536 trabalhadores, em Dezembro do mesmo ano esse número desceu para 356 e havia mais 24 que seriam dispensados.Mas, um mês depois – Janeiro 2004 -, Fernanda Aparício reforçava: “Os factos são mais elucidativos do que as palavras. Estamos no mercado, captando novos clientes nacionais e internacionais e a prova disso foi a contratação, já em Janeiro, de um director de marketing”.O processo da Tonova começou a ser negociado no final do primeiro mandato do presidente da câmara, António Rodrigues (1993-1997) e em Julho de 1998 a unidade foi inaugurada, em Torres Novas. O culminar de uma luta que envolveu vários municípios da região, incluindo Santarém, que acabou por ganhar a parada cinco anos depois.Na câmara de Torres Novas, os vereadores da oposição levantaram sérias dúvidas à viabilidade de um projecto cuja produção dependia, quase exclusivamente, de um único cliente. Ainda por cima a câmara investiu milhares de contos em terraplanagens e infraestruturas necessárias à instalação da unidade. Mas a fábrica dos ingleses foi uma bandeira da campanha eleitoral de Rodrigues para o segundo mandato. Prometia-se a criação de mais de 500 postos de trabalho directo, e 60 a 70 indirectos, números que chegaram a ser alcançados quando o Grupo Sonae consumia por semana mais de 400 toneladas de carne, limpa e embalada para ser vendida nas superfícies comerciais do grupo. Na inauguração da fábrica, que decorreu em simultâneo com a PTN – Pre-esforçados Castelo (a fábrica dos espanhóis), Humberto Rocha, administrador da Tonova, referiu o investimento de 3,7 milhões de contos, realçou os 500 postos de trabalho que a empresa iria criar, bem como a sua importância para o desenvolvimento da pecuária nacional, “num momento em que é necessário dinamizar a actividade do sector primário, criando riqueza no interior e evitando a desertificação”. Por seu turno, o presidente do conselho de administração da Modelo Continente, Nuno Jordão, garantiu a qualidade da carne que sairá destas instalações, quer em termos sanitários, quer em sabor, e que será distribuída pelos hipermercados do grupo Sonae. No entanto, a preferência por esta unidade acabou em Agosto de 2003 e a Tonova encerrou a 29 de Julho de 2005.Margarida Trincão

Mais Notícias

    A carregar...