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Trabalhadores da Metalgrupo vivem momento difícil

Futuro da maior empresa do Cartaxo decidido esta quarta-feira

Os 106 trabalhadores da maior empresa do Cartaxo concentraram-se no tribunal da cidade na esperança de que o futuro da Metalgrupo fosse decidido pelos credores. Mas a decisão foi adiada.

António Rocha está sentado nas escadas do Tribunal do Cartaxo, com ar de preocupação. São 10h00 de quarta-feira, 27 de Julho. Na sala de audiências, cerca de 60 credores da Metalgrupo, onde trabalha há 18 anos, estão reunidos para decidir o futuro da maior empresa do concelho. Duas horas depois, o metalúrgico regressa à guilhotina com que trabalha diariamente com a mesma angústia. A decisão foi adiada por uma semana. Com 54 anos, velho demais parra arranjar outro emprego, muito novo para a reforma, o trabalhador vai deitando contas à vida. Olha para as mãos mascarradas em cima das calças azuis escuras salpicadas de óleo e desabafa: “Já é a segunda vez que passo por isto”. Há 20 anos a metalúrgica Moali, que também operava no Cartaxo, entrou em dificuldades e acabou por falir. António recorda os cerca de quatro anos de ansiedade até que a situa-ção se resolvesse. “Conseguiram vender a fábrica e deram cerca de 300 contos (1.500 euros) a cada trabalhador”, lembra. Viveu durante algum tempo, tal como outros colegas, à custa dos pais e da família. Depois conseguiu entrar para a Metalgrupo que tinha sido formada por cinco trabalhadores que tinham saído da Moali antes desta fechar. “Na primeira vez passei por problema graves. E agora se a Metalgrupo fechar também vai ser muito complicado. Tenho um filho licenciado que não consegue arranjar emprego e sou eu que o estou a sustentar”, vai dizendo, observando os colegas que se concentravam à porta do tribunal. Eram cerca de 11h00 quando os funcionários puderam entrar na sala de audiências. A pedido do advogado da empresa, João Carlos Fernandes, o presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas dirigiu-se aos credores dizendo que “o concelho não pode viver sem a Metalgrupo”. Se a fábrica fechar vão para o desemprego 106 pessoas. Mas podem ser mais já que há varias pequenas empresas que dependem da Metalgrupo. Estima-se que indirectamente a situação afecte 400 pessoas. O autarca apelou aos credores para que concertem vontades e, falando como economista, sublinhou que a metalúrgica pode ter futuro se o plano de insolvência (que é feito quando não há capacidade para pagar as dívidas), for aprovado. O juiz de turno que presidiu à sessão, queria que fosse votado o encerramento ou a continuidade da laboração. E se a escolha recaísse na última hipótese discutia-se então o plano que seria depois colocado à votação pelos credores. Só que um requerimento apresentado pelo administrador judicial que tem acompanhado a actividade da Metalgrupo nos últimos três meses, adiou uma resolução para esta quarta-feira, 3 de Agosto. A razão da suspensão da sessão deveu-se à falta de um documento escrito que atestasse o acordo alcançado esta semana com a Segurança Social, que reclama créditos de mais de um milhão de euros. É a maior credora da Metalgrupo. A reclamar dívidas há ainda várias entidades bancárias, como a Caixa Geral de Depósitos, BES, Totta, Banif, o Instituto Português da Soldadura e várias empresas fornecedoras. Ao todo a Metalgrupo deve cerca de 10,800 milhões de euros. Alguns credores que intervieram antes da suspensão dos trabalhos, manifestaram a sua intenção de aprovar o plano de insolvência. O administrador judicial, António Rodrigues, disse estar confiante que a empresa tem condições para continuar a laborar e sair da crise. E garantiu que na generalidade, os credores estão dispostos a viabilizar a Metalgrupo.

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