Quando já pouco se esperava, o final da assembleia-geral do Sport Lisboa e Cartaxo (SLC), realizada sexta-feira, revelou a disponibilidade de Fernando Ramos para encabeçar uma lista à direcção do clube.O presidente da Junta de Vale de Pinta disse que estava disposto a formar uma lista em conjunto com Domingos Xavier quando a discórdia imperava na reunião magna. Alguns sócios apontavam baterias ao líder da autarquia, Paulo Caldas, e ao vice Pedro Ribeiro, enquanto outros consideravam que se estava a pessoalizar demasiado.Um dos sócios presentes, José Arruda, acusou mesmo Augusto Parreira, presidente em exercício da assembleia-geral, de manter uma questão pessoal contra Paulo Caldas e acabou por abandonar a assembleia, contra aquele “tipo de discurso”. Em declarações a O MIRANTE, Fernando Ramos realçou que se apresenta como candidato para defender o clube, mas também para estar lado a lado com as instituições. “Não se pode bater na mão de quem nos dá o pão”, aludiu em relação aos conflitos entre clube e autarquia.Durante a exposição da situação do clube, Augusto Parreira não poupou o líder do município, Paulo Caldas, afirmando que tem uma “malapata” com o clube. “Além de contrariar o que está acordado, as obras do campo das Pratas estão paradas e não avança o concurso público para o campo sintético. Isto não é boa vontade”, acusou.O ex-presidente da direcção do SLC, Manuel Dias, sublinhou que o clube utiliza o estádio municipal de pleno direito e que, sem haver deliberação camarária, foi posto na rua e impedido de treinar. “Por mim defenderemos os nossos direitos até ao fim”, salientou.Em relação à possível candidatura de Fernando Ramos, Manuel Dias considerou que todas as soluções para o clube são válidas. O ex-presidente do SLC referiu ainda que não considerou extemporânea a colocação do ponto sobre a extinção da actividade desportiva do clube na convocatória. “Estamos com menos condições e sem saber se inscrevemos 14 equipas”, explicou, adiantando que, apesar da passagem gratificante, tão cedo não irá regressar ao dirigismo. Da assembleia resultou ainda que uma comissão de cinco elementos, composta por Augusto Parreira, Júlio Mota, Délio Pereira, Avelar Marques e Rui Galinha, iria terça-feira à tarde, já depois do fecho desta edição, a uma reunião a convite da Câmara do Cartaxo, para discussão do protocolo de apoio ao associativismo desportivo para a época 2005-2006.Dívida de 11 mil eurosA assembleia foi interrompida cerca das 23 horas para se ouvir as declarações de Paulo Caldas na Rádio Cartaxo, nas quais o edil se referiu ao apoio prestado pela autarquia, além dos investimentos realizados no campo das Pratas e no campo pelado da escola secundária. Alertando também para o necessário cuidado quando se fala na possibilidade de acabar com a actividade desportiva, face a cerca de 300 jovens atletas.Paulo Caldas falou ainda que o SLC merece um tratamento preferencial da autarquia e falou que o clube passa por uma “gravíssima situação financeira”. Esta declaração causou surpresa entre os presentes, com o ex-presidente do clube, Avelar Marques, que tem colaborado na área financeira, a desmentir qualquer situação grave. Socorrendo-se de documentos, Avelar Marques afirmou que a dívida do clube, em Junho deste ano, era de 11 mil euros, respeitante a atrasos com jogadores da época passada. “Desde então arranjaram-se 43 mil euros e recebemos apenas oito mil euros de entidades oficiais, não havendo qualquer dívida às Finanças”, afirmou.