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Super-cáustico Serafim das Neves

Estou de acordo contigo. O marketing político dos candidatos a autarcas é uma bosta pegada. Não tem chama, não tem alma, não tem chispa, não tem nada. Quem é que eles julgam que convencem com mensagens daquelas. “Mais desenvolvimento”; “Trabalho e seriedade”...Tens razão. Cambada de amadores!! Cambada de tristes!!! Tu já lhes deste uma boa ajuda com as sugestões do último e-mail e eu acrescento mais alguns slogans. “Vote em mim outra vez – Para um feriado municipal por mês”. “Assim que eu ganhar as festas não vão parar”. Ninguém nos pode acusar de falta de empenhamento político. E se ganharmos o primeiro prémio do Festival de Publicidade e Marketing de Pé de Cão que ninguém se admire. Afinal quem mais pode ganhar com a tristeza que está para aí plantada nesses cartazes de campanha. O que eu não percebo é o silêncio dos ecologistas. Essa gente não vê a poluição sloguística que por aí vai? Não há réplica. Não há sentido de oportunidade. Não há um rasgo de génio. No Entroncamento o PSD atira com o presidente para uma recandidatura exaltando-lhe o trabalho feito nos últimos quatro anos e remata: “É obra”. Estava mesmo a jeito para levar com uns cartazes de um Bloco de Esquerda ou de uma CDU a lembrar obras que nunca mais se fazem. Sei lá, qualquer coisa do género. “Quatro anos e nem sinais de uma casa de Juventude. É obra!”. Népia. Aqueles bestuntos ficaram nas covas. Não deram um ar da sua graça.Em Santarém o Moita Flores atacou com um “Libertar Santarém”. A sorte dele é ter pela frente pessoal mais sisudo que uma manada de coisas tristes. Se fosse comigo ele acordava logo no dia seguinte com a resposta mesmo ao lado. “Chegas tarde. O Salgueiro Maia já nos libertou há 30 anos”.A política é demasiado séria para ser levada a sério. E as campanhas eleitorais só são mobilizadoras se forem levadas na desportiva. Com boa disposição, com humor, com energia positiva. Ando a ficar cada vez mais deprimido com os disparates dos candidatos. Não pelos disparates em si que em circunstâncias normais até seriam hilariantes, mas pelo tom em que são ditos. Eles acreditam mesmo naquilo. Levam-se tão a sério que até mete dó. No último e-mail era para te falar dos enfermeiros espanhóis do hospital de Vila Franca de Xira mas já tinha escrito tanto disparate que estava cansado. Ficou para hoje. Devo desde já dizer que não tenho nada contra as espanholas, desde que sejam bonitas e que me dêem bola. Quanto aos espanhóis a conversa é outra. Andei anos demais a ser gozado em Badajoz para agora perder uma oportunidade de me vingar. Quando lá ia e pedia qualquer coisa num restaurante ou numa loja a resposta era sempre a mesma: “Non te entiendo”. Pois bem, a semana passada quando li n’O MIRANTE que havia mais espanhóis naquele Hospital do que no Hospital Central de Madrid, não hesitei. Inventei uns sintomas esquisitos e fui para as urgências. Passei lá cinco horas a secar mas valeu a pena. Calhou-me um espanhol na triagem. Assim que ele me perguntou o que eu tinha, num portuganhês macarrónico, nem o deixei acabar a frase. “É pá, não te percebo”. Soube-me que nem ginjas. São estes pequenos nadas que animam a minha existência. Havia de ver a cara dele!!Hasta la vistaManuel Serra d’Aire

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