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Zombeteiro Manuel Serra d’Aire

Como se pode constatar sobrevivi aos fogos, ao calor, ao aumento do IVA e às intimações da Segurança Social. Mais: sobrevivi à chusma de pedintes e vendedores de pensos, de bordas de água, de kits de Internet, ventoinhas e cintos que enxameiam Portugal de Norte a Sul. Com isso aprendi que é possível viver neste país, apesar de estar minado por criaturas indesejáveis e por condições climáticas adversas. O que me dá outro alento para o futuro. Se conseguir ultrapassar estas eleições autárquicas e todo o chorrilho de promessas, acusações e choradinhos que já se começam a ouvir sem cometer uma loucura é possível que comece a acreditar na imortalidade. Se não do corpo pelo menos da alma. Porque tem de haver Deus para nos conseguir ultrapassar tão duras provações - bem piores que gramar a pista de lodo dos fuzileiros ou discurso do Fidel Castro, diz-me voz avisada que já passou pelas duas situações.Perscrutador Manel fartei-me de rir com a última edição de O MIRANTE. Aquela história da zaragata entre dois funcionários do desactivado parque de campismo de Tomar é de ir às lágrimas. Nem é o número de pancadaria em si que me levou a rebolar de riso, mas sim o facto de a Câmara de Tomar ter oito trabalhadores no activo num equipamento que está fechado há mais de um ano nem tem perspectivas de reabrir. O tédio dá cabo da paciência de qualquer um e ficar ali retido durante 16 horas seguidas sem nada para fazer, como terá acontecido com o alegado agressor, é mais do que motivo para ferrar umas lambadas à primeira criatura que lhe apareça à frente. Era bom que a Câmara de Tomar tivesse em conta o drama social que ali se vive e arranjasse alguma coisa para fazer aos homens. Pelo menos uns parceiros para a bisca, requisitados entre os reformados da cidade, de forma a que se vão entretendo até chegar a hora de picar o ponto. E já não falo em colocar lá umas massagistas para ajudar a aliviar a tensão aos funcionários, que parece ser muita. Isso já era de mais e faria os outros trabalhadores da câmara morrerem de inveja.Inconformado Manel li também algures que no dia 17 vai haver uma manifestação em Lisboa de organizações de extrema-direita contra o que chamam de lobby gay. De início, pensei que fosse alguma coisa contra o Manuel Alegre no âmbito das presidenciais, já que gay significa alegre em inglês. Mas afinal não. O que eles querem mesmo é protestar contra a rapaziada que está a invadir as nossas televisões. Podiam é ter sido mais específicos.De coisas que vêm da extrema-direita eu desconfio sempre (a excepção que abriria era à neta do Mussolini). E desta vez ainda tenho mais razões para desconfiar. Por quem nos tomam esses marialvas? Hostilizar o lobby gay é contribuir para que muitos voluntários não se alistem nesse exército. Quando o verdadeiro objectivo de quem gosta de mulheres devia ser o de fomentar, ou pelo menos não desincentivar, o aumento de passageiros desse comboio para que houvesse menos concorrência. É claro como a água e estou farto de o repetir.Os fascistas encapotados são tão grunhos, mas mesmo tão grunhos, que não conseguem ser tolerantes nem sequer com eles próprios. A não ser que também não gostem de mulheres…Um abraço quebra-ossos do Serafim das Neves

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