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Implacável Manuel Serra D’Aire

Começando pelo fim do teu último e-mail: o presidente da Câmara de Santarém anda a brincar com o fogo ou então não sabe muito bem onde está metido. Que queira dar nova vida ao centro histórico da cidade é louvável, mas não é novo. Que queira fazer passagens de ano ao ar livre para a populaça se divertir, idem aspas. Agora que acredite que os restaurantes e cafés vão estar abertos na noite do reveillon para dar de comer e beber aos foliões é que me parece demais. É o mesmo que acreditar que os esgotos de Vila Franca vão deixar de poluir o Tejo em 2006 ou que o Benfica vai ganhar a Liga dos Campeões. Obviamente que o sonho comanda a vida, mesmo que se trate da vida de um autarca que até é escritor e homem dado a poesias, mas, caramba, há determinadas coisas com que nem o Júlio Verne no seu maior delírio visionário conseguiria imaginar.Como é que se pode crer que os comerciantes vão abdicar da farra da passagem do ano para ter a porta aberta se num vulgar feriado ou ao domingo é uma taluda encontrar um estabelecimento aberto naquela zona? Pode ser que me engane, mas quem fecha diariamente as portas às sete da tarde está disposto a aturar besanas noite dentro e a abdicar da farra numa passagem de ano? Se Moita Flores conseguir levar avante a sua intenção, tenho de me render aos seus dotes sobrenaturais. Porque realizar essa façanha é quase tão difícil como encontrar um aluno do ensino superior que recite acertadamente a tabuada. Por isso, pelo sim pelo não, quem pensa em alinhar na passagem do ano em Santarém o melhor que tem a fazer é levar farnel. Porque o seguro morreu de velho.Mudando de assunto, desinquieto Manel que é que dizes daquela história da retirada das cruzes nas escolas. Cruzes canhoto! – é o que me apetece exclamar. O Sócrates anda a brincar com o fogo e ainda vai parar ao Inferno. Embora governar esta gente não seja muito diferente.Mas dizia eu que o nosso primeiro não sabe com quem se anda a meter. E além disso pode estar a arranjar uma caldeirada das grandes. Ou será que essa história do Estado laico é só para as cruzes, canhoto! Será que a seguir não vem mexer nos nossos direitos adquiridos e acabar com os feriados religiosos, como o do 8 de Dezembro que tão bem me soube?Imagina agora o escarcéu que não seria se o homem fosse coerente e se lembrasse de acabar com o feriado do Natal? E com as férias escolares e judiciais que há nessa quadra? Sim, porque meio país não faz nenhum nessa altura a não ser estourar dinheiro e engordar com os fritos e chocolates. Mesmo que não saiba muito bem o que se passou em Belém e se esteja a marimbar para a missa do galo e outras manifestações religiosas da época.E será curial num Estado laico que as entidades públicas nos inundem as caixas de correio com mensagens de boas festas – que obviamente celebram o nascimento de Jesus, o mentor do cristianismo – e não nos passem cavaco quando se assinala, por exemplo, o nascimento de Maomé?Como vês estou prenhe de dúvidas e não sei muito bem se mesmo um vulgar “adeus” dito por um político não estará a ferir de parcialidade a isenção que se exige a um detentor de um cargo público num Estado laico.Pelo sim pelo não, eu fico-me pelo habitual abraço do Serafim das Neves

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