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Quercus aponta “falhas graves”

Em causa o Estudo de Impacte Ambiental da central térmica de Sines

A associação ambientalista Quercus apontou segunda-feira quatro “falhas graves” no Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da Central Térmica de Ciclo Combinado de Sines, uma delas por “ignorar as implicações do projecto na emissão de gases poluentes”.

A Quercus explica, em comunicado, que a central a gás natural projectada para Sines para produção de electricidade vai ter implicações “significativas” ao nível das emissões de gases de efeito de estufa, tanto em termos do comércio de emissões, como do cumprimento do protocolo de Quioto.Contudo, segundo os ambientalistas, o EIA do projecto, cuja fase de consulta pública terminou sexta- feira, não faz referência a “quaisquer implicações” nesse âmbito e “respectivos custos associados”.A Quercus diz também que o estudo “não integra esta central térmica no contexto da estratégia energética do país”.Em declarações à agência Lusa, o dirigente ambientalista Francisco Ferreira garantiu que o projecto, apesar de envolver vantagens ambientais se comparado com as centrais a carvão e petróleo, vai aumentar a dependência nacional relativamente ao gás natural enquanto combustível.“O gás natural é um combustível fóssil, menos inimigo do ambiente. Mas há um grande senão à sua utilização cada vez mais generalizada, pois, o país fica numa dependência quase exclusiva do gás natural”, afirmou.A terceira “falha” do EIA apontada pela Quercus diz respeito às “consequências que a central térmica vai ter para o cumprimento da legislação europeia sobre tectos de emissão nacionais”, e que segundo os ambientalistas, não foram avaliadas.A legislação, acrescenta o comunicado, estabelece uma quota máxima para 2010 para diversos poluentes atmosféricos que originam acidificação, eutrofização e ozono troposférico.“Os óxidos de azoto são o poluente mais significativo de uma central a gás natural com estas características. Portugal, em relação a este tipo de poluente, está com evidentes problemas de cumprimento da legislação”, argumenta a Quercus.Os ambientalistas consideram ainda “estranho” que o Estudo de Impacte Ambiental “mencione que não haverá um agravamento das concentrações de ozono na região, passíveis de afectar a população, mas também os ecossistemas”.Actualmente, reforçam, as emissões de óxidos de azoto já são “significativas” e ocorrem “ultrapassagens dos limites durante a Primavera/Verão no Sul do país”.O dirigente Francisco Ferreira defendeu mesmo, nas declarações prestadas à Lusa, a criação de mecanismos de acompanhamento integrados da área de Sines, no que respeita à poluição.“Temos recebido imensas queixas de residentes na zona, que dizem sentir maus cheiros. Com a perspectiva de avançar com esta central e também com a nova refinaria, faz todo o sentido encarregar alguém de analisar estas questões com transparência”, disse.A Central de Ciclo Combinado de Sines deverá ser implementada a norte da actual Central Termoeléctrica da EDP, a carvão, estimando-se que, na fase de construção, empregue um milhar de trabalhadores.O projecto deverá congregar quatro grupos de 400 MW de potência, o primeiro dos quais a iniciar em 2006.A obra tem um prazo estimado de 28 meses por grupo, a partir da adjudicação, e, em 2008, prevê-se a entrada em funcionamento do primeiro grupo (o segundo em 2011 e os terceiro e quarto a construir após 2012).Lusa

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