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Que azar

Cada vez são mais as pessoas que têm uma preocupação especial quando mudam de casa.Verificam como serão as condições em termos de feng shui. Trata-se da arte milenar chinesa, que permite analisar se o imóvel trará boa sorte ou azar a quem nele vier a habitar. Os elementos principais a considerar são a água, o vento e a localização em relação aos pontos cardeais. Outros aspectos relacionam-se com a paisagem envolvente, os edifícios vizinhos, anteriores ocupantes, móveis, animais e número de polícia.Ponderados todos os factores, os especialistas ficam em condições de esclarecer se a nova casa será geradora de sorte.Eu não sou de superstições. Não acredito nada em crendices.Mas no local onde habito ocorreram umas coincidências fantásticas.Quando se procedeu ao loteamento, traçaram-se as várias parcelas onde iriam ser edificadas as casinhas que hoje existem. Já lá vão mais de dez anos. Um mestre de feng shui preveniu: cada um dos moradores vai sofrer um desaire enorme, quando mudar para a futura casa.A questão é que o loteamento encontrava-se sobre uma linha de água. Esse elemento significa a vida. Ao interferir com o mesmo, está-se a efectuar uma intromissão num aspecto essencial e a interromper algo que não pode ser alterado.Ninguém ligou muito ao homem. Pelo menos, nós, os que passámos a viver ali, nas novas habitações.Mal me mudei, eu sofri um assalto. Os ladrões nunca foram capturados. Sofri um significativo prejuízo. E fui também privado de alguns objectos de valor estimativo.Mas posso considerar-me um homem de relativa sorte ou de menos azar.Os meus vizinhos passaram por coisas piores, quando começaram ali a residir.Um médico foi atingido por cancro e morreu.Um alto quadro foi preso.O próprio loteador foi constituído arguido, devido à forma como o licenciamento teria sido obtido.A directora de uma revista foi atingida por um carcinoma e teve de iniciar prolongados tratamentos de quimioterapia.A mulher do dono de um stand de automóveis deixou-o, partindo com os filhos. Depois, ele faliu e o seu sócio foi condenado a sete anos de prisão.Uma senhora morreu, ao despistar-se, quando seguia atrás de um camião, que largava areia. Tinha-se mudado uma semana antes.Um vendedor de motas sofreu um acidente e ficou paraplégico.Um mecânico ficou doente e passou a estar dotado de ânus contra-natura, com saco colector de fezes.Uma médica ficou viúva, após o marido ter sido assassinado com seis balas, na presença da própria filha.O dono de várias estações de serviço viajou para o Brasil, foi raptado e veio a ser morto, mesmo após a família pagar o resgate.Um vizinho que se tinha acabado de mudar resolveu subir ao telhado para fazer umas reparações. Caiu e deu entrada no hospital, em condição de politraumatizado. Esteve internado e levou meses a recuperar das fracturas.* Em Janeiro de 2002, em Almeirim, uma pessoa foi comprar dois queijinhos frescos ao supermercado. A etiqueta indicava um determinado preço. Na caixa registadora, cobraram-lhe mais dois cêntimos.Ele não se ficou e apresentou queixa-crime.Eu considerei que aquilo era altamente reprovável. Porém, tudo ocorrera naquela altura em que havia escudos e euros em circulação, simultaneamente. Tratava-se de um imperdoável erro resultante de um engano crasso na conversão. Mas ilibei o supermercado e o seu gerente.Mas aconteceu-me uma coisa diferente, recentemente.No dia a seguir ao Natal, fui a um outro supermercado só para comprar dois artigos.Um jogo para a Playstation das pequenas. O preço marcado era € 64,99. Levaram-me € 66,49.Depois, adquiri uma extensão eléctrica, com preço afixado de € 6,99. Paguei por ela € 8,99.Passados dois dias, voltei lá. Comprei um par de luvas, estando marcado o preço de € 0,79. Na caixa registadora, ficaram-me com € 1,55.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)

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