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Danny Silva cumpre objectivo de não ficar em último

Esquiador de Almeirim acabou no 94º lugar na participação nos Jogos Olímpicos de Inverno

Danny Silva ficou quase em último na prova dos 15 quilómetros dos Jogos Olímpicos de Inverno mas o seu maior objectivo, que era concluir a prova, foi alcançado. Depois de calcorrear quilómetros pelas estradas da região, com skis com rodas adaptadas, quer agora ir aos mundiais de 2007 e aos Jogos Olímpicos de 2006.

O esquiador ribatejano Danny Silva, único participante português nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim2006, terminou a prova dos 15 quilómetros de estilo clássico em esqui de fundo na 94ª posição.Danny Silva, o oitavo português presente em Jogos Olímpicos de Inverno, terminou a prova disputada em Pragelato, no Val Chisone (1.518 metros de altitude), em 54.34,01 minutos, a 16.32,8 minutos do campeão olímpico, o estónio Andrus Veerpalu.O esquiador português nascido em Nova Jérsia, nos Estados Unidos, e a residir actualmente em Almeirim, cumpriu os primeiros 4,9 quilómetros do percurso em 16.37,3 minutos e passou aos 9,9 quilómetros em 36.40,1, recuperando posições face à desistência de dois adversários.Na prova, que se realizou no dia 17 e contou com 99 esquiadores à partida, viriam a desistir o sul-africano Oliver Kraas (70º aos 4,9 quilómetros) e o lituano Aleksej Novoselkij (83º).Com condições atmosféricas difíceis e num percurso já por si complicado, Danny Silva terá sido penalizado por uma má escolha de cera para os esquis, causadora de atrito, que o obrigou a fazer mais força, inclusive nas descidas.“Estou um pouco frustrado, irritado mesmo, porque só não realizei um tempo na casa dos 50-52 minutos por causa de uma má escolha de ceras. Tive fé nos ‘ski men’ italianos e segui as suas indicações, mas eles erraram manifestamente, até porque o seu melhor atleta, Fulvio Valbusa, ficou em 13º”, afirmou à Agência Lusa, comentando que deveria antes ter pedido conselhos aos estónios, dada a clara vitória de Andrus Veerpalu.As ceras e flúores dos esquis são escolhidos mediante as condições de neve, humidade e temperatura, com o objectivo de reduzir o atrito, “fixar” os esquis ao chão nas subidas e facilitar as descidas.O português optou pelo aumento da cera de fixação, que funcionou bem nas colinas, mas que acabou por reduzir a velocidade nas descidas. Ainda assim, o seu tempo garante a qualificação para o Campeonato do Mundo de 2007, a disputar em Sapporo, Japão.Danny Silva, que pretende voltar a marcar presença nos Jogos Olímpicos de 2010, em Vancouver, conseguiu bater o seu recorde pessoal dos 15 quilómetros em estilo clássico.Nos lugares do pódio, destaque para o estónio Andrus Veerpalu, que deu ao seu país a terceira medalha de ouro em Turim2006 (todas no esqui de fundo), ao defender um título que já lhe pertencia desde Salt Lake City2002.Com condições climatéricas muito adversas, de muito vento e neve, Veerpalu chegou à meta cerca de 15 segundos antes do checo Lukas Bauer, enquanto o alemão Tobias Anderer arrecadou a medalha de bronze, após terminar 19 segundos depois do estónio.O cumprir de um sonhoCom a presença nos Jogos Olímpicos e a classificação conseguida nos 15 quilómetros, o jovem esquiador, de 32 anos, conseguiu mudar mentalidades em Portugal e hoje é reconhecido pelo Comité Olímpico Português recebendo uma bolsa mensal de atleta qualificado.Quando pela primeira vez deu conta publicamente da sua intenção de participar nos Jogos Olímpicos de Turim – numa entrevista publicada na edição de O MIRANTE de 30 de Dezembro de 2004 - poucos acreditaram que o “maluco” que treinava com skis com rodas nas estradas do concelho de Almeirim conseguisse sequer apurar-se.Foi uma luta titânica para mudar mentalidades num país que não tinha qualquer tradição neste desporto de Inverno, que se pode praticar apenas, a espaços, na Serra da Estrela.“Fui eu que tive que levar a minha situação junto da Federação e do Comité Olímpico para que confirmassem os meus tempos junto da Federação Internacional. Só depois disso é que comecei a ter mais apoio”, referiu Danny Silva ao nosso jornal, em 20 de Julho do ano passado.Com a qualificação a vida de Danny Silva mudou. Deixou de dar aulas de inglês e passou a viver o dia a dia para o treino. Fez treinos bi ou tri-diários para chegar às provas em condições e teve a colaboração de uma equipa de especialistas da Escola Superior do Desporto de Rio Maior, que passou a acompanhar o atleta e elaborou o plano de treinos que foi apresentado e aprovado pelo Comité Olímpico.

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