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Meio ambiente, feio ambiente ...

Uma das vantagens de morar em Constância é a de ter a natureza mesmo à porta de casa. Esta possibilidade que, por vezes, nos esquecemos de valorizar é, neste momento, a nossa mais valia económica e “civilizacional”. É essa natureza que faz com que as famílias das cidades do litoral aqui se dirijam aos fins-de-semana.Ora, passeava eu, bucolicamente, num fim de tarde ameno, com um livrito do O’ Neill debaixo do braço, pelo campo, quando me apercebi (e nem o O’ Neill conseguiu fazer-me esquecer) que, entre a frondosa vegetação invernal, pululavam, por toda a parte, novas “espécies vegetais” que desconhecia. Ao lado dos fetos cresciam frigoríficos, televisores, latas e latinhas de todos os géneros, com as suas seivas gordurosas, antrópicas - poluentes. Imagens repletas de rara fealdade ... horripilantes, próximas do cenário desolador e repugnante do fantástico noir “Mad Max”.Dirão - “A culpa é das pessoas!”, o que é verdade, mas não é toda a verdade. Trata-se, sem dúvida de um problema de civilidade, mas é, simultaneamente, um perigo sério para um sector relevante e importante da economia da vila. Pois para ver frigoríficos, televisores, latas, lixo, não é necessário sair do apartamento urbano, e pelo menos aí estão em melhores condições. Sendo um problema cívico, ameaçando ser também económico (pois põe em perigo a imagem de Constância como destino de natureza) é, como é obvio, um problema político.Creio, então, que as pessoas que têm investido em modelos económicos e de desenvolvimento alternativos e amigos do ambiente devem reflectir sobre esta situação e, de igual modo, sobre o silêncio conivente do poder político (sem, com isto, diminuir o papel pedagógico de longo prazo da Parque Ambiental de Santa Margarida), que se justifica dizendo: “Lamentamos, mas as pessoas são assim!”. Como se tal os desculpasse e às inevitáveis perdas sociais e económicas que, mais cedo ou mais tarde, se vão suceder. Sobre essa cegueira, eis um nosso convite à reflexão.Paulo Nobre - Constância

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