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Cravos vermelhos no último adeus a Júlio Graça

Júlio Graça nasceu em Vila Franca e foi um ilustre defensor de Alhandra
Cerca de 200 pessoas juntaram-se, no passado dia 22 de Fevereiro, em Alhandra para uma última homenagem a Júlio Graça. O escritor faleceu aos 82 anos, vítima de doença prolongada. “Um bom homem, calmo e ponderado”, assim descreveram Júlio Graça os vizinhos de longa data, José Ribeiro e António de Jesus Martins. Moradores do bairro do Paraíso, em Vila Franca de Xira, onde o escritor residia. Dizem que tiveram sempre um relacionamento privilegiado com o Júlio Graça. Por isso, deslocaram-se a Alhandra para se despedirem do autor.Para José Luís Peniche, natural de Alhandra, a morte de Júlio Graça é uma grande perda para o concelho, mas sobretudo para a terra que ele adoptou como sua. “Deixou Alhandra bem vista”, referiu, sublinhando o trabalho que desenvolveu na Casa Museu Dr. Sousa Martins.No funeral de Júlio Graça compareceram várias personalidades da política local, nomeadamente, representantes do Partido Comunista Português, ao qual pertenceu. Carlos Coutinho, membro do partido e vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pela CDU, destacou o “grande cidadão e grande lutador” que foi Júlio Graça. Carlos Coutinho fez questão de enaltecer a sua “qualidade literária”, sobretudo por ter sido “o único que estudou profundamente os meios industriais”. Por isso lamentou que não seja “conhecido pelos munícipes e pelos portugueses na sua verdadeira dimensão” e espera que Vila Franca de Xira lhe “saiba dar o relevo que teve”. Também presente, a presidente da autarquia vilafranquense descreveu Júlio Graça como “alguém que deu muito à cultura portuguesa”. Maria da Luz Rosinha lamentou que o escritor já não vá assistir à abertura do Museu do Neo-Realismo, um sonho pelo qual sempre lutou. Grande parte do espólio do escritor já se encontra no museu, entre obras, recensões críticas, entrevistas, textos publicados em jornais e fotografias. Maria José Vitorino, da Associação Promotora do Neo-Realismo, à qual Júlio Graça pertencia, considerou que é “parte da nossa história que desaparece”. Enquanto figura que “marcou uma época” como escritor, Maria José Vitorino espera que a sua memória seja salvaguardada. O presidente da Junta de Freguesia de Alhandra, Jorge Ferreira, destacou o “importante” contributo de Júlio Graça na Casa Museu Dr. Sousa Martins. O autarca sublinhou ainda o facto de o escritor “não sendo alhandrense, ter adoptado esta terra como sua”. Júlio Graça esteve em câmara ardente na Capela de Alhandra de onde saiu para o cemitério da mesma freguesia. Os cravos vermelhos, símbolo da revolução, eram a flor predominante entre as coroas a lembrar o papel de Júlio Graça no movimento antifascista. Papel que desempenhou enquanto activo militante comunista e escritor neo-realista, ao denunciar a injustiça social através da escrita. Júlio Graça nasceu em Vila Franca de Xira, em 1923, mas cedo se ligou à vila de Alhandra. Foi nesta freguesia que o escritor teve o primeiro contacto com o movimento cultural e com os autores neo-realistas, em se destacava Soeiro Pereira Gomes.Sara Cardoso

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